Com a suspensão temporária das importações do Uruguai, e a promessa de compras governamentais e de linha de crédito para estocagem de leite em pó, indústrias e produtores esperam o início da recuperação dos preços. Mas na opinião de Natália Grigol, pesquisadora do Cepea, os efeitos da medida não serão imediatos:
– A baixa de preço hoje está muito mais ligada à redução do consumo e ao aumento da produção do que ao volume vindo do Uruguai. No curto prazo, não vejo mudança de cenário.
Segundo o Sindilat-RS, a queda do consumo neste ano foi de 4% e o aumento da produção de 4,5%, por conta de condições climáticas melhores do que em 2016. A suspensão das importações neste momento, pondera a pesquisadora do Cepea, foi mais importante para reforçar que o governo está olhando para o setor produtivo e para colocar o tema em discussão.
– As importações são só a ponta do iceberg. A questão é muito mais ampla, com necessidade de planejamento e maior integração entre os elos da produção – diz Natália.
Outra possibilidade cogitada pelo governo, caso confirme a triangulação do Uruguai, é retirar o leite dos produtos que têm isenção de impostos no Mercosul. Pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), Lia Valls Pereira alerta para os reflexos de medidas desta natureza:
– São ações que acabam minando o espaço de livre comércio. Se a intenção é consolidar o bloco, é preciso cuidado para não abalar as estruturas firmadas até agora.