Na produção vegetal, é necessário entender como os processos que resultam no crescimento das plantas são afetados pelo clima e pelo solo. A temperatura do ar tem efeito direto no crescimento, pois determina a velocidade das reações bioquímicas que resultam na formação de tecidos vegetais (folhas, caules, flores, raízes). Dessa forma, com temperaturas baixas, o crescimento será reduzido ou nulo, enquanto com temperatura mais alta, o desenvolvimento será mais rápido.
No entanto, não é somente a temperatura que determina a velocidade do crescimento das plantas, mas também a luz solar, fonte de energia para a captura de carbono atmosférico necessário para a fabricação das células – 94% a 96% do tecido vegetal são compostos de carbono. Assim, em dias muito nublados, as plantas também crescem pouco, mesmo com temperatura adequada, pois falta energia para a fotossíntese.
Por outro lado, a disponibilidade de nutrientes no solo também afeta o crescimento, pois, embora os minerais representem proporção muito baixa do tecido vegetal, são fundamentais na captura do CO2 via fotossíntese. Então, mesmo com temperatura e radiação solar adequadas, o crescimento pode ser lento se a disponibilidade de nutrientes no solo for baixa. Já, se faltar água, mesmo que todos os fatores antes mencionados estejam em nível ótimo, a evolução ainda será baixa, pois, para não perder água, a planta fecha os orifícios da folha (estômatos) por onde deveria entrar o CO2, pois também é por ali que respira e transpira.
Entendendo, então, os efeitos individuais dos fatores determinantes do crescimento vegetal, já se pode inferir quão complexo é o seu efeito conjunto. E na produção animal a pasto ainda temos que considerar a necessidade de manter um resíduo constante de folhas. Reside aí uma regra básica na produção a pasto: controlar a intensidade da desfolha, ou seja, variar a lotação animal em função da variação no crescimento das plantas.
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Assim, em baixas temperaturas, baixa fertilidade do solo, falta de água, temos que reduzir a lotação e a aumentar quando a disponibilidade desses fatores for mais elevada. E isso implica na existência de reservas de forragem. Portanto, uma decisão aparentemente simples, como definir a lotação em que os animais se alimentem corretamente, e o pasto continue crescendo, é, na verdade, complexa, pois depende das variações do tempo e do solo. Por isso, consideramos que ainda é necessário insistir na apropriação de conhecimentos básicos pelo produtor rural para que o uso dos recursos naturais (solo e clima) seja feito com a coerência que a sustentabilidade econômica e ambiental exige.
Carlos Nabinger é mestre em Fitotecnia e doutor em Zootecnia, professor da Faculdade de Agronomia da UFRGS
nabinger@ufrgs.br