A agropecuária deverá ser a única boa notícia a aparecer no resultado do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho a ser divulgado nesta quarta-feira pela Fundação de Economia e Estatística (FEE). É no segundo semestre do ano, historicamente, que o peso de uma supersafra fica ainda mais evidente na economia do Rio Grande do Sul.
Neste ano, após colheita recorde de soja com mais de 15 milhões de toneladas, a variação do setor primário tende a ser superlativa - contrastando com novas quedas na indústria e nos serviços.
- Menos de 2 milhões de toneladas de soja entraram nas contas do PIB do primeiro trimestre. O restante todo virá agora - explica o pesquisador Rodrigo Daniel Feix, do Núcleo de Estudos do Agronegócio da FEE.
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O crescimento da agropecuária deverá reduzir o impacto da queda dos outros setores da economia, especialmente da indústria - que vem amargando sucessivas baixas. No primeiro trimestre, quando a agricultura contribuiu basicamente com as safras de arroz e de milho, o PIB gaúcho encolheu 1,3%. O setor primário, no período, cresceu 1,1%.
Agora, com a supersafra de soja contabilizada, a agropecuária deverá reinar sozinha entre os números positivos do PIB estadual. Mas, por melhor que tenha sido a safra de grãos, ela tem um efeito limitado diante de uma recessão tão forte nos demais setores.
- Os números irão nos mostrar o quanto a agropecuária ainda consegue segurar a economia - completa o economista Roberto Rocha, coordenador das contas regionais da FEE.
Embora a agropecuária participe diretamente com 9% do valor adicionado bruto estadual, sabe-se que os efeitos da produção primária são bem maiores - representando, indiretamente, quase 30% do PIB total. Uma baita responsabilidade para carregar sozinha nas costas.