Será nesta semana que a situação do trigo se desenhará por completo no Estado. É que na sexta-feira termina o prazo recomendado para o plantio, conforme o zoneamento agrícola de risco climático estabelecido pelo Ministério da Agricultura. O cultivo dentro dessa janela dá ao produtor a segurança da cobertura do seguro rural em caso de intempéries. Fora dela, o agricultor assume todo o risco da operação.
Paralisado pelo excesso de chuva e de umidade - na semana passada, sequer foi possível medir o quanto a semeadura avançou -, o trabalho de cultivo da safra poderá ser retomado se a previsão de tempo seco se confirmar.
- Ainda não se tem, neste momento, a real dimensão dos prejuízos causados pela chuva. O cenário desta semana é favorável. Será decisiva - avalia Hamilton Jardim, presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
O plantio no Rio Grande do Sul termina nas regiões mais frias, como os Campos de Cima da Serra. Por enquanto, afirma o dirigente, não houve demanda pela prorrogação do prazo - no ano passado, o calendário teve de ser espichado porque o plantio atrasou, também devido ao excesso de chuva. Mas se os pedidos chegarem, a situação será avaliada. Até agora, a certeza que se tem é de que a área irá encolher significativamente.
Presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro), Paulo Pires estima que a média estadual fique em torno de 30%, embora em alguns locais esse percentual chegue perto de 50%.
- Nas regiões mais quentes do Estado, a redução de área foi motivada por questões econômicas - completa Pires.
O quadro de chuva em excesso, no entanto, agravou a situação. Muitos produtores que não conseguiram plantar dentro do período recomendado, simplesmente estão desistindo do cultivo. Há ainda situações em que a semeadura está sendo feita fora do prazo.
O presidente da Comissão de Trigo da Farsul afirma:
- Não sei se o Estado chegará a 850 mil hectares cultivados.
No Paraná, que no ano passado foi o maior produtor do cereal no país, à frente do Rio Grande do Sul, a chuva também está causando prejuízo ao desenvolvimento das lavouras, semeadas antes. Se houver redução no volume colhido, o Brasil, que não é autossuficiente na produção, se verá obrigado a ampliar a importação do produto.