Se o objetivo do grupo que protestou nesta segunda-feira contra o governo na abertura da 22ª Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), era ser ouvido, deu certo. Com vaias e cartazes em punho, cerca de 80 integrantes do movimento Brasil Limpo pediam desde a investigação dos contratos do BNDES até a saída da presidente Dilma Rousseff.
Presente na cerimônia, o vice-presidente, Michel Temer, não falou na cerimônia. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, também não. Temer saiu sem conversar com a imprensa.
- Nosso objetivo era esse mesmo, constranger - disse André Rodini, um dos coordenadores do grupo, que é empresário do ramo do agronegócio.
Certamente a Agrishow vai muito além do burburinho causado pelo grupo no primeiro dia. Mas o clima político que permeia as discussões no país também teve seu espaço na feira.
Assim como a expectativa dos produtores e da indústria em relação às novas taxas de juro do Plano Safra 2015/2016, que serão anunciados em 19 de maio.
- Os juros serão próximos do neutro. O custeio agrícola não deverá ter nenhuma redução - afirmou Kátia, com relação ao volume de recursos a ser liberado.
Vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Francisco Maturro, fez coro à ministra:
- Juro a 7,5% (juro atual do Moderfrota) ainda é negativo. Não vejo problemas em chegarmos a R$ 2,7 bilhões obtidos na feira no ano passado.
Fábio Meirelles, presidente da Agrishow e da Federação da Agricultura de São Paulo, também entende que, embora o cenário não seja favorável a curto prazo, "existe espaço para investimento".
E o que se vê pelo parque em Ribeirão Preto é um conjunto de estratégias - de promoções a foco em nichos - para que o produtor faça isso mesmo diante das incertezas que se põem à frente.