Dono de uma empresa de automação e climatização de aviários localizada em Erechim, Flávio Cazzuni viajou a Hannover em busca de motores hidráulicos modernos para sistemas de produção de frangos. Ao percorrer os quase 30 pavilhões da maior feira de tecnologia industrial do mundo, na semana passada, na Alemanha, ele encontrou um gerador que pode produzir energia elétrica à base de biomassa e já imaginou como adaptá-la em projetos de avicultura no Brasil.
- A energia representa um dos principais custos operacionais dos sistemas usados em aviários no país, especialmente nos mais modernos, que dependem de geradores - explica Cazzuni, diretor da Termoaves, uma das pioneiras a atuar no mercado de automação da criação de frangos no Estado.
O aviário mais moderno, o Dark House (casa escura, em inglês), só pode ser implantado se a propriedade tiver gerador. Por ser todo vedado, e com temperatura e iluminação controladas 24 horas, o aviário não pode ficar sem energia.
Assim como Cazzuni, empresários ligados ao agronegócio desembarcaram na Alemanha para participar do evento na qual robôs, máquinas, equipamentos e fontes renováveis de energia ditam o futuro da indústria mundial. O foco da feira não é agrícola, mas nem por isso deixa de interessar executivos do setor, que buscam aperfeiçoar e ampliar seus negócios.
Aprendizado e inspiração
Neste ano, com um recorde de 6,5 mil expositores, a chamada indústria 4.0 fascinou ao apresentar a interação entre humanos e robôs ou máquinas, por meio de sistemas interligados de produção como a origem de uma nova era industrial.
- A indústria 4.0 está para as fábricas convencionais como a agricultura empresarial está para a familiar: ou acompanha a evolução ou ficará para trás - compara Rovanir Baungartner, gerente de Articulação e Cooperação do Serviço Nacional da Indústria no Estado (Senai-RS), que acompanhou missão empresarial a Hannover formada por mais de cem brasileiros.
Diretor da Cisbra Live, indústria de farinhas integrais com sede em Ijuí, Clóvis Thomas participou da feira pela primeira vez, ao lado do filho Alison, gerente administrativo da empresa. Fabricante de produtos à base de linhaça, centeio, gergelim, trigo, girassol e soja, a Cisbra desenvolve parte dos equipamentos da linha industrial.
- Algumas máquinas são muito caras e outras não estão disponíveis no mercado. Por isso, fazemos as adaptações conforme as nossas necessidades - explica Thomas.
Além de conhecer novas tecnologias industriais, pai e filho também se aprofundaram na busca de geração de energias alternativas para abastecer a indústria, com interesse especial no setor eólico.
A feira em números
- 200 mil visitantes participaram do principal evento de tecnologia à indústria
- 6,5 mil expositores estiveram na feira alemã.
- Quase 30 pavilhões reuniram lançamentos de automação industrial, energia, mobilidade urbana, pesquisa e indústria digital.
Equipamentos para a erva-mate
Foto Joana Colussi / Agência RBS
Fabricante de máquinas industriais para secagem de erva-mate, a empresa Madec, de Erechim, pretende aumentar a automatização dos equipamentos de sua produção.
- De todas as áreas que atuamos, o ervateiro é o menos automatizado.
A recuperação do mercado agora deve permitir investimentos - diz o diretor-executivo, Marcos Breitkreitz.
Em Hannover, ele procurou tecnologias para a linha de produção da Madec, que fabrica secadores rotativos também para lodos industriais, serragem, maravalha (aparas de madeira) e bagaço de laranja.
Coordenada pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), a missão levou a Alemanha pequenos e grandes empresários de diversas regiões do Brasil.
- Independentemente do tamanho da empresa, a tecnologia deve estar presente para dar sustentabilidade ao negócio - avalia Ayrton Pinto Ramos, diretor técnico do Sebrae-RS.
*A repórter viajou à Alemanha a convite do Sebrae-RS