Fazer cortes na própria carne é uma tarefa que exige habilidade cirúrgica. No momento em que o governo estadual revela o tamanho da redução de orçamento nas secretarias, a preocupação que fica é com o possível comprometimento de serviços considerados fundamentais à execução das atividades em cada uma das pastas.
A Agricultura teve orçamento reduzido de R$ 70 milhões para R$ 44,6 milhões - considerados só recursos vindos do Tesouro estadual e sem contar órgãos vinculados.
O secretário Ernani Polo já elegeu os pontos de corte: 35% no Fundo Estadual de Apoio ao Setor Primário, que banca contas de manutenção, diárias, água, luz e telefone.
Vem daí a primeira preocupação.
O enxugamento de diárias pode atingir serviços que dependem de viagens para serem executados. É o caso das auditorias do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), feitas por fiscais estaduais agropecuários. Há ainda o núcleo de combate à raiva e a necessidade de treinamentos, como observa Antonio Augusto Medeiros, presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do Estado (Afagro).
Polo garante que diárias essenciais não serão cortadas. Nos demais casos, sim.
- Vamos viajar o mínimo necessário. Tenho ido a eventos, mas procuro levar equipe reduzida - diz.
Outros fundos - do parque Assis Brasil, da vitivinicultura, da erva-mate, dos ovinos - também terão redução. Assim como cargos em comissão. A revisão do Mais Água, Mais Renda será avaliada - o pagamento das primeiras subvenções começa em 2016.
Na Secretaria de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo, o orçamento vindo do Tesouro estadual cai de R$ 276 milhões para R$ 160,8 milhões, incluída a Emater.
O secretário Tarcísio Minetto diz que os pontos de ajuste ainda serão debatidos.
- Esperamos que os cortes não atinjam programas importantes - pondera Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS.
É preciso cuidado nessa hora, para não ajustar as finanças ao custo de prejuízos ao setor que embala a economia do Estado.