Mesmo sem permissão para acompanhar presencialmente a 6a Conferência das Partes (COP6) da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco, representantes de produtores e da indústria da Região Sul estão em Moscou, na Rússia, onde nesta semana serão discutidas novas recomendações para reduzir o consumo do produto. A mobilização é justificada: a atividade envolve 160 mil agricultores e gera 30 mil empregos diretos no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná.
Os interesses brasileiros na COP6, que ocorre de hoje até sábado, serão representados por uma comissão nacional que acompanha a implementação do tratado internacional, assinado pelo Brasil em 2003 e ratificado dois anos mais tarde. Do lado de fora, 15 empresários, representantes de entidades e políticos dos três Estados do Sul farão pressão para que as decisões não tenham reflexos negativos na produção brasileira de tabaco. Entre os assuntos a serem discutidos durante a conferência, dois trazem especial preocupação ao setor: a redução da área cultivada e a limitação de financiamentos públicos.
- Quando a Convenção-Quadro foi ratificada pelo Brasil foi assegurado que não seriam adotas medidas que prejudicassem a produção. Esperamos que o governo brasileiro mantenha-se firme nessa posição - afirma Iro Shünke, presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco).
Maior exportador mundial de tabaco, o Brasil embarcou no ano passado 627 mil toneladas de uma safra de pouco mais de 720 mil toneladas. As vendas para 102 países representaram 1,53% do total das exportações brasileiras no período.
Outros dois pontos contestados pela indústria e produtores de tabaco são artigos do documento-base da COP6 que tratam sobre trabalho infantil e proteção ao meio ambiente.
- O cenário retratado não traduz a realidade do produtor de tabaco brasileiro. Constam ali situações superadas pelo setor há muito tempo - acrescenta Romeu Schneider, presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco.
Com tantas questões em jogo, envolvendo também saúde pública, equilibrar o interesse econômico e social será um desafio e tanto para o Brasil na mesa de negociação.