Na próxima semana, uma das principais cooperativas do Estado, a Cotrijui, dará aos associados a missão de decidir sobre o futuro dos negócios. Na assembleia-geral extraordinária marcada para o dia 27, colocará em votação a possibilidade de entrar em liquidação voluntária. A liquidação está para as cooperativas como a recuperação judicial para as empresas.
Ou seja, estabelece um período, nesse caso um ano prorrogável por mais um, no qual ficam suspensas ações de execução de cobranças, salvo algumas exceções, como as de crédito trabalhista, como explica o advogado Fernando Pellenz.
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Ao abrir a porta para essa possibilidade, a atual gestão da cooperativa argumenta que está justamente dando continuidade a um plano de reestruturação traçado para recuperar a saúde financeira. A Cotrijui tem dívida acumulada ao longo de vários anos de mais de R$ 500 milhões.
- Não caminhamos para o fim da cooperativa. Esse é um instrumento necessário e que a legislação nos assegura - garante o presidente Vanderlei Fragoso.
A moratória seria o terceiro passo no caminho da recuperação. O primeiro, foi o que Fragoso chama de saneamento, com redução de custos - R$ 40 milhões por ano -, adoção do regime de armazéns gerais, que garante ao produtor a propriedade do grão, e reorganização de fornecedores.
O segundo passo foi a implementação do cartão do associado, para retomar cooperativados. Atualmente, segundo a Cotrijui, são 5 mil ativos de 9 mil cadastrados.
Ainda assim, a decisão de entrar em liquidação é vista com cautela pelo grupo de associados denominado Terceira Via, de oposição à atual gestão, que está avaliando posicionamento sobre a votação a ser feita.
- Com essa proposta, estão afastando eventuais fornecedores da cooperativa - opina Julimar Crescente, advogado do grupo.
O impacto de qualquer definição precisa ser considerado. A cooperativa é uma das grandes do segmento de grãos. Tem capacidade para armazenar 1 milhão de toneladas, atendendo a produtores de mais de 42 municípios do Noroeste.
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