Não terminou da forma esperada - pelo menos do ponto de vista dos trabalhadores - o encontro entre representantes do sindicato e da Marfrig para tratar da situação dos 680 trabalhadores da unidade localizada em Alegrete. Não há confirmação de demissões, mas a suspensão temporária das atividades tem data para começar - 1º de setembro.
O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação do município da Fronteira Oeste não aceitou a proposta apresentada pela empresa - realocação de cerca de cem funcionários e desligamento dos demais.
- O processo de demissão está definido. Não aceitamos, e agora esperamos nova proposta - afirma Marcos Rosse, presidente do sindicato.
A oferta de remoção foi criticada pelos representantes dos trabalhadores, porque não haveria contrapartida dos custos envolvidos na transferência para os outros dois municípios onde a marca mantém os abates de bovinos - São Gabriel e Bagé. Os demais funcionários da unidade seriam desligados.
Formalmente, a empresa não se manifestou sobre essa questão até o início da noite desta segunda-feira. Até agora, só divulgou nota oficial que confirma a paralisação das atividades por uma razão estratégica, sem redução do volume diário de abates - um total de 1,6 mil cabeças.
Outros frigoríficos já teriam demonstrado interesse em assumir a operação da unidade de Alegrete, o que seria uma alternativa na busca por uma solução capaz de evitar prejuízos aos trabalhadores e à economia do município.
O vazio deixado pela produção da Marfrig pode ter impacto ruim também sobre a indústria como um todo, a longo prazo, entende Fernando Velloso, da assessoria agropecuária FF Velloso & Dimas Rocha:
- Mesmo com capacidade ociosa, a unidade aberta cria uma pressão de produção. A força da demanda, em algum momento, irá diminuir.