A desvalorização do dólar e a entrada da safra recorde de grãos em 2013 contribuíram para a deflação de 0,42% verificada nos produtos da indústria de transformação de janeiro a março deste ano, segundo dados do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira. No primeiro trimestre, o dólar apresentou uma desvalorização de 4,5% em relação ao real, apontou o IBGE.
- Ao ter uma queda, vários produtos de atividades muito ligadas ao dólar, como informática, fumo, celulose, aviões, meios de transporte, também apresentam uma queda de preços. Por outro lado, não é só isso. Temos uma safra boa também - disse Manuel Campos Souza Neto, técnico do IPP na Coordenação de Indústria do IBGE.
A safra nacional de grãos foi responsável por um recuo de 5,26% nos preços dos produtos alimentícios de janeiro a março, o que resultou em uma contribuição de -1,06 ponto porcentual para a inflação medida pelo IPP neste ano. Segundo Souza Neto, a queda acumulada nos preços dos alimentos na porta de fábrica difere da alta verificada no varejo porque o IPP leva em conta produtos voltados para a exportação, além de não ter peso tão grande de itens comercializados in natura, como o tomate.
- Aqui são produtos (alimentícios) mais acabados e produtos de exportação também. Estamos com preços de exportação. Algum momento vai bater no varejo, é claro, mas a grande diferença é essa - explicou o técnico do IBGE.
Outras quedas expressivas verificadas o IPP no primeiro trimestre do ano foram de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-3,32%) e outros equipamentos de transporte (-2,75%). As condições mais favoráveis tanto para a safra quanto para o câmbio também foram responsáveis pela desaceleração no IPP acumulado em 12 meses, que passou de 7,71% em fevereiro para 6,64% em março.
O IPP mede a evolução dos preços de produtos na porta da fábrica, sem impostos e fretes, de 23 setores da indústria de transformação.