Seis condados ao redor da Baía de Tampa, na Flórida, emitiram ordens de evacuação desde segunda-feira (7). O motivo é a aproximação do furacão Milton, que passou de categoria 2 para 5 – a mais alta – em apenas 36 horas e deve tocar o solo dos Estados Unidos durante a madrugada de quinta-feira (10). Mas por que há tantos fenômenos como estes nos Estados Unidos?
Em pouco mais de três meses, esta será a terceira tempestade com grande potencial de destruição a atingir o país.
Há apenas duas semanas, o furação Helene, de categoria 4, causou inundações e mais de 200 mortes ao tocar o solo da Flórida. Em julho foram oito óbitos confirmados com a passagem do furacão Beryl, que alcançou categoria 5 ao se formar no Caribe e avançou sobre o Texas.
Entre 1º de julho e 30 de novembro, as condições meteorológicas favorecem a formação de tempestades no Atlântico. O período é conhecido como "temporada de furacões", quando fenômenos se formam sobre o oceano e avançam sobre áreas como Caribe, Jamaica e parte dos Estados Unidos, especialmente regiões mais ao sudeste como a Flórida.
O principal fator para a formação dos furacões é o aquecimento dos oceanos, que favorece a evaporação da água em grande quantidade. As gotículas sobem para a atmosfera e formam quilométricas e volumosas nuvens de chuva, que criam uma área de baixa pressão com ar quente. O sistema formado atrai massas de ar frio próximas, que também ganham temperatura e sobem à atmosfera, o que intensifica o vento e aumenta o tamanho da nuvem.
— Para ganharem força, os furacões precisam de um oceano muito quente para usar de combustível. Então, quanto mais quente o oceano, mais forte deve ser a tempestade — explicou ao g1 o meteorologista Fábio Luengo, da Climatempo.
"Pior temporada de furacões da história"
Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos aponta que a temporada do fenômeno deste ano tem potencial para ser a "pior da história". A força do Milton é um dos motivos, cuja agência destacou seu "alto potencial destrutivo" com rajadas de vento acima de 270 km/h.
Conforme Luengo, em matéria publicada pelo g1, há dois fatores importantes para a intensificação das tempestades em 2024:
- Aquecimento dos oceanos, em especial de áreas ao norte do Atlântico
- Aproximação do fenômeno La Niña
Estudo da State of The Ocean, divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), aponta os oceanos registraram sua maior elevação de temperatura em 2023 – cenário que deve se repetir neste ano. No Oceano Atlântico, onde se formam os furacões que atingem os Estados Unidos, a média esteve 2ºC acima que os índices da era pré-industrial (1850 - 1900).
Em alguns períodos, a água da superfície do Atlântico Norte atingiu 24,9ºC, informou O Globo. Para a formação de furacões, a temperatura deve atingir 26,5ºC.
Classificação dos furacões
A intensidade das rajadas de vento indica a categoria dos furacões e seu potencial de destruição. A escala Saffir-Simpson, adotada pelo NHC, vai de 1 a 5, em que quanto maior o número, pior a tempestade.
- Categoria 1: velocidade do vento varia entre 119 km/h e 153 km/h, os danos são considerados de leves a moderados
- Categoria 2: vento entre 154 km/h e 177 km/h, com danos significativos
- Categoria 3: rajadas de vento entre 178 km/h e 208 km/h, que pode resultar em danos devastadores
- Categoria 4: velocidade do vento varia entre 209 km/h e 251 km/h, danos catastróficos
- Categoria 5: rajadas de vento acima de 252 km/h, com "danos totais"