A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) realizou uma pesquisa interdisciplinar, por meio do Centro de Meteorologia e Sensoriamento Remoto, sobre a enchente em Porto Alegre. O professor Felipe Geremia Nievinski, do Instituto de Geociências (IGEO), afirmou à Rádio Gaúcha nesta terça-feira (11) que os resultados apontaram uma inclinação do Guaíba.
— Nós observamos uma diferença do nível da água brutal, de quase dois metros, desde o extremo sul, na Ponta dos Quatis, até o extremo norte, perto da Arena do Grêmio. Isso significa que não tem uma única máxima dessa enchente, vai ser uma máxima diferente para cada local da cidade — explica Nievinski.
Segundo o professor, a inclinação preocupa os pesquisadores, mas é um acontecimento com forte influência do volume extraordinário de chuva do mês de maio:
— É um efeito intensificado pela característica extrema dessa quantidade de chuva concentrada na bacia que ficou nessa confluência. Normalmente o Jacuí, o Guaíba, ele é mais homogêneo, ele varia alguns decímetros entre extremo norte e extremo sul. A gente normalmente não percebe o rio empinando como ocorreu durante esse evento externo.
O fenômeno ajuda a explicar o alagamento na Zona Norte da Capital, já que, na região da Usina do Gasômetro, onde há confluência de rios, aconteceu um represamento, também chamado de bolsão de água. Esta circunstância afetou principalmente o extremo norte da cidade, explica o pesquisador do IGEO.
— Ficou claro para nós (pesquisadores) a necessidade de mais medições, porque pegar uma estação de nível e utilizar para o Guaíba, Jacuí, fica com uma carência de dados, esses vazios de dados. Então (precisamos de) mais redundância, mais réguas de madeira, mais radares hidrológicos, mais sensores submersos, uma variedade de sensores que possibilitem ao gestor público ter um raio-x de quanto que está a água na Zona Norte, não apenas no Centro Histórico — afirma, falando sobre medidas futuras.