Além do vento forte, da chuva e do granizo que atingiram o Rio Grande do Sul, em especial a Região Metropolitana de Porto Alegre, na noite de terça-feira (16), outro fenômeno também chamou a atenção durante a tempestade: a quantidade de raios.
Conforme o Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (ELAT/INPE), dentro de 24h (das 6h do dia 16 até às 6h do dia 17) foram registrados 289.971 raios em todo o território do RS. Em um mesmo dia, portanto, houve mais da metade do acumulado entre os dias 1º e 17 de janeiro de 2023.
As diversas descargas elétricas que ocorreram na noite de terça-feira fizeram com que os primeiros 17 dias de 2024 alcançassem um número expressivo: 948.010 registros. Para que se tenha uma ideia, o número é quase o dobro dos 490.578 raios no RS no mesmo período do ano passado.
Confira a quantidade de raios registrados nos primeiros 17 dias dos últimos anos no RS:
- 01/01 a 17/01 de 2024: Total de 948.010
- 01/01 a 17/01 de 2023: Total de 490.578
- 01/01 a 17/01 de 2022: Total de 649.226
- 01/01 a 17/01 de 2021: Total de 686.267
Apesar do período incluir um pouco mais da metade do mês, em todos os anos anteriores a soma dos seus primeiros 17 dias é menor do que a registrada no restante de janeiro. Isso mostra que, nesses anos, os últimos 14 dias de janeiro tiveram mais relâmpagos que os 17 iniciais.
Confira o total de raios no mês de janeiro dos últimos anos no RS:
- Janeiro de 2023: Total de 1.323.776
- Janeiro de 2022: Total de 1.696.290
- Janeiro de 2021: Total de 1.611.867
Mesmo tendo a menor soma no mês de janeiro, 2023 foi o ano com a maior quantidade de registros entre os analisados. Entre os meses de janeiro a novembro do ano passado, foram 5 milhões a mais de raios no RS do que nos dois anos anteriores.
Confira o total de raios registrados nos últimos três anos no RS:
- 2023 (jan. a nov.): 15.398.386
- 2022: 10.381.669
- 2021: 10.664.638
Os números desse fenômeno no RS podem ser ainda maiores. Conforme a Climatempo Meteorologia, entre 01h e 23h59 do dia 16 foram registradas 499.086 descargas elétricas no Estado. A diferença entre os registros se deve ao sistema de satélites que são utilizados em cada instituição.
Os dados apresentados pelo ELAT são obtidos através dos satélites GOES (Satélite Ambiental Operacional Geoestacionário, em inglês), que é uma rede iniciada na década de 1970 e que, atualmente, possui quatro satélites em atividades vinculadas ao programa. Já a Climatempo utiliza o sistema fornecido pela empresa Earth Network, que possui uma das redes mundiais de raios mais avançadas do mundo em monitoramento e registro de raios.
Por que os raios acontecem?
— As descargas elétricas [atmosféricas] ou raios são produzidos pela diferença de polos, positivo e negativo, entre nuvens ou entre nuvem e solo ou, ainda, dentro da própria nuvem — explica o meteorologista do 6º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Rogério Rezende.
Essas descargas elétricas atmosféricas, popularmente conhecidas como relâmpagos, tem, no geral, duração de apenas meio segundo. Conforme informações do ELAT, suas trajetórias possuem comprimentos que variam entre 5 e 10 quilômetros.
O clarão no céu, que aparece quando ocorre um relâmpago, se deve ao deslocamento em alta velocidade dos elétrons (partículas de carga negativa) que faz com que o ar ao seu redor se ilumine. Essa movimentação também gera um aquecimento que resultado no som característico do fenômeno, o trovão.