Um tsunami meteorológico fez com que o mar avançasse em direção ao continente na Praia do Cardoso, em Laguna, litoral de Santa Catarina, na tarde deste sábado (11). Imagens feitas por banhistas mostram as ondas chegando até os veículos estacionados, que começam a flutuar. Não há informação de estragos ou feridos.
Segundo nota da Defesa Civil, o tsunami meteorológico geralmente ocorre atrelado a algum sistema meteorológico que já esteja vigente. Embora não houvesse previsão de mar agitado, uma linha de instabilidade avançou sobre a região, provocando rajadas de vento e queda brusca de pressão.
As linhas de instabilidade, por sua vez, são formadas por células de tempestade que, ao passarem perto da região costeira, podem gerar mudanças bruscas de pressão atmosférica e rajadas de vento intensas que contribuem para o avanço do mar em direção à praia.
Segundo especialistas, os tsunamis meteorológicos - ou meteotsunamis - eram eventos incomuns, mas começaram a acontecer com alguma frequência no litoral catarinense e gaúcho nas últimas décadas. Na arte abaixo, entenda como eles se formam.
Mesmo que as ondas do meteotsunami não alcancem grandes alturas, podem causar dano e oferecer risco devido ao fato de possuírem períodos longos (da ordem de minutos), conferindo um grande potencial de inundação das regiões costeiras.
Veja a nota da Defesa Civil de Santa Catarina:
"Na tarde deste sábado, 11, por volta das 16:00, o mar avançou em direção ao continente na praia do Cardoso, no Município de Laguna, Litoral Sul catarinense. Este fenômeno que ocorreu é conhecido como tsunami meteorológico, é de difícil previsão e sua ocorrência não é muito comum de ser observada.
Geralmente ele ocorre atrelado a algum sistema meteorológico como linhas de instabilidade, que foi o que aconteceu. Não havia previsão de mar agitado, nem de alagamentos costeiros em SC, porém, a passagem desta Linha de Instabilidade pelo Litoral Sul provocou o fenômeno de tsunami meteorológico.
As linhas de instabilidade são formadas por células de tempestades aproximadamente contínuas dispostas de forma alinhada. Quando passam paralelas à costa, podem gerar mudanças bruscas de pressão atmosférica e rajadas de vento intensas que colaboram para o avanço da água do mar em direção à praia.
As linhas de instabilidade provocam “pulsos” de pressão atmosférica que se propagam perturbando as águas da plataforma continental, que por sua vez tem velocidade de propagação muito próxima à velocidade de avanço da linha de instabilidade, possibilitando uma ressonância quase perfeita entre a atmosfera e o oceano.
Assim a altura da onda é amplificada e ao se propagar em direção à costa pode se amplificar ainda mais, atingindo alguns metros de altura em um curto período de tempo (minutos), o que provoca uma subida rápida de maré podendo ocasionar ressaca e inundações costeiras.
O alcance da inundação dependerá da inclinação da praia e da presença ou não de dunas. Em praias quase planas e voltadas para o quadrante sul, como o ocorrido em Laguna, a inundação pode alcançar dezenas a centenas de metros nas áreas costeiras."