A permanência da instabilidade sobre o Rio Grande do Sul nos últimos dias pode ser explicada também pela forte onda de calor que atinge boa parte do Brasil, sobretudo os Estados do Centro-Oeste e Sudeste. Isso porque essa área de alta pressão atua como um bloqueio atmosférico, não permitindo que as frentes frias — um dos fatores que causam chuva — se propaguem para além do território gaúcho.
— O bloqueio não deixa que as massas de ar frio se desloquem em direção aos outros Estados, o que mantém essa alta pressão no centro do país, gerando esses registros de alta temperatura. Então, as frentes frias se mantêm aqui no Rio Grande do Sul, esses centros de baixa pressão seguem se formando e isso mantém toda essa precipitação estacionada sobre o Estado — explica Henrique Repinaldo, meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (CPPMet/UFPel).
Dados do Instituto Nacional de Meteorologia apontam que, na última semana, cidades como Goiânia, em Goiás, Palmas, no Tocantins, Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e Rio de Janeiro registraram máximas próximas de 40°C. Já em Cuiabá, no Mato Grosso, os termômetros marcaram 42°C no domingo (24).
De acordo com o Repinaldo, a expectativa é de que o bloqueio atmosférico seja desfeito no decorrer desta semana. Desta forma, a próxima massa de ar frio deve conseguir avançar um pouco mais, saindo do Rio Grande do Sul.
Novo ciclone extratropical
Conforme a Climatempo, a chuva que atinge o Rio Grande do Sul é causada por um sistema de baixa pressão, que se desloca em direção ao oceano na madrugada de quarta-feira (27), virando um ciclone extratropical. A instabilidade deve seguir durante toda esta terça (26) e será registrada ainda na quarta, mas com volumes de água menores.