Pelos próximos 40 dias, 12 pesquisadores brasileiros permanecerão acampados sobre a neve e o gelo na expedição Criosfera 2022, para investigar as consequências das mudanças do clima para a Antártica e para a América do Sul. Esta já é considerada a maior expedição brasileira feita no interior do continente. Nesta quinta-feira (8), os pesquisadores saíram de Punta Arenas rumo à Antártica, onde chegarão nesta sexta-feira.
A missão, liderada pelo vice-pró-reitor de Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Jefferson Cardia Simões, que também é vice-presidente do Comitê Internacional de Pesquisa Antártica (Scar) e cientista líder do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), terá um laboratório científico instalado a, aproximadamente, 2 mil quilômetros ao sul da estação brasileira Comandante Ferraz na Antártica.
O trabalho utilizará tratores polares e aviões com esquis para locomoção em uma área equivalente à região sul do Brasil. Além dos professores da UFRGS, o estudo conta com pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e faz parte do Proantar, coordenado pela Secretaria Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm).
O laboratório, chamado Criosfera 2, construído com tecnologia brasileira, coletará dados do clima e da concentração de dióxido de carbono (o CO2, principal gás de efeito estufa) ao longo de todo ano. Ao mesmo tempo, parte dos cientistas da expedição estarão perfurando o gelo antártico para reconstruir a história da Geleira da Ilha Pine, uma das geleiras antárticas que pode contribuir de maneira abrupta para o aumento do nível do mar global. Conforme os pesquisadores, ela tem mostrado rápidas mudanças nas últimas duas décadas. Um terceiro grupo fará a manutenção do Criosfera 1, o laboratório latino-americano mais ao sul do planeta.
O projeto conta com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), com recursos do Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia (FNDCT) através Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).