Um artigo publicado nesta semana na revista Frontiers in Plant Science apresenta uma nova descoberta descrita como uma das "maravilhas botânicas do mundo": uma nova espécie de nenúfar gigante, planta popularmente chamada de vitória-régia em homenagem à rainha Vitória da Grã-Bretanha. Até agora, havia apenas duas espécies de nenúfar gigante. Com a descoberta, tornam-se três: a amazônica, a cruziana e a boliviana, sendo essa última a novidade.
Apesar da espécie ser uma grande revelação para a ciência, ela não era nova para os pesquisadores do Herbário de Kew, em Londres: ela estava no inventário do local há 177 anos. Há 34 anos, também estava no Herbário Nacional da Bolívia. Durante este tempo, acreditava-se que tratava-se de uma Victoria amazônica, uma das duas subespécies que já eram conhecidas.
A suspeita, porém, já existia. Em 2016, as instituições bolivianas Santa Cruz de La Sierra Botanic Garden e La Rinconada Gardens doaram sementes da suposta terceira nenúfar gigante. Enquanto Carlos Magdalena, horticultor de pesquisa científica e botânica de Kew e líder da pesquisa, cultivava as sementes em Londres, observando o nenúfar crescer lado a lado com as outras duas espécies de Victoria, ele soube que algo estava diferente. Em 2019, visitou a Bolívia para conferir a planta na natureza e ficou surpreso.
— Desde que vi pela primeira vez uma foto desta planta online em 2006, fiquei convencido de que era uma nova espécie. Os horticultores conhecem suas plantas de perto; muitas vezes somos capazes de reconhecê-los de relance. Ficou claro para mim que esta planta não se encaixava na descrição de nenhuma das espécies conhecidas de Victoria e, portanto, tinha que ser uma terceira [...] Aprendi muito no processo de nomear oficialmente esta nova espécie e foi a maior conquista da minha carreira de 20 anos em Kew — destacou o cientista.
Além de Magdalena, a equipe de pesquisadores foi composta pela artista botânica de Kew Lucy Smith e a pesquisadora de genômica da biodiversidade Natalia Przelomska, juntamente com parceiros do Herbário Nacional da Bolívia, Jardim Botânico de Santa Cruz de La Sierra e La Rinconada Gardens. O grupo decidiu o nome da espécie, Victoria boliviana, em homenagem aos parceiros bolivianos e ao lar sul-americano do nenúfar onde cresce nos ecossistemas aquáticos de Llanos de Moxos.
A folha da vitória-régia boliviana pode chegar a três metros de largura e suportar um peso de pelo menos 80 quilos. Ela tem flores que são brancas no primeiro dia e rosa no segundo, que surgem ao entardecer e perto do meio-dia e só florescem à noite. A flor ainda tem espinhos afiados na parte externa, que, de acordo com os cientistas, são usados para protegê-la de peixes e outros animais.