Os microplásticos poluem até os ecossistemas mais remotos, como a Antártica. Isso é o que aponta um estudo publicado nesta quarta-feira (24) na revista "Biology Letters".
Um grupo de cientistas encontrou fragmentos de poliestireno nas entranhas de colêmbolos, minúsculos artrópodes terrestres, na costa da Ilha King George.
Trata-se de uma das regiões mais poluídas da Antártica, devido à presença de estações de pesquisa científica, de infraestrutura militar e de turismo.
Essas micropartículas de plástico já foram detectadas em organismos vivos em todos os oceanos do mundo, incluindo na Fossa das Marianas, no Pacífico, o local mais profundo do planeta. As amostras estão muito presentes nos solos antárticos que não estão cobertos de gelo — cerca de 1% do território.
"A poluição terrestre é, com frequência, esquecida", avaliam os autores do estudo.
Os colêmbolos foram analisados por meio de imagens infravermelho, as quais permitiram detectar, de modo inequívoco, traços de poliestireno no intestino desses pequenos animais que podem saltar como pulgas.
As amostras indicam que "estes materiais sintéticos entraram profundamente em uma das cadeias alimentares terrestres mais remotas do planeta", explicam os autores.
Os pesquisadores destacam o problema específico apresentado pelo poliestireno expandido, cuja porosa estrutura facilita a instalação de musgos e de microalgas. Estes, por sua vez, atraem outros organismos.
Isso "representa um novo fator de estresse potencial para os ecossistemas polares, que já enfrentam a mudança climática e o aumento das atividades humanas", alertam.
Os efeitos da ingestão de microplásticos entre os animais são objeto de vários estudos no mundo, que tentam avaliar o impacto dos produtos químicos presentes em uma das regiões mais remotas no Planeta.