Por terra e pelo ar, técnicos da Divisão de Emergência da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e da Comissão Estadual de Prevenção, Preparação e Resposta a Emergências Ambientais com Produtos Perigosos (P2R2), liderada pela Defesa Civil do Estado, percorreram o trecho do Rio Taquari até o Rio das Antas, entre Bento Gonçalves, na Serra, e Estrela, no Vale do Taquari, na tarde desta sexta-feira (17), para averiguarem a presença de uma espuma branca e de aspecto oleoso no curso da água.
A movimentação ocorreu a partir de uma solicitação do promotor de Justiça de Estrela, Daniel Cozza Bruno. No início desta semana, ele recebeu uma denúncia de possível dano ambiental no rio. Uma equipe da Promotoria de Justiça de Estrela vistoriou pontos do Taquari nas cidades de Lajeado, Estrela, Muçum e Roca Sales e confirmou a coloração diferente na água nos quatro trechos.
— Ainda estamos no começo. Solicitamos a presença do Comando Ambiental e da Fepam para a análise da água. Também precisamos descobrir quem e o que causaram esta modificação. Se for configurado poluição ambiental e identificarmos o causador, promoveremos a responsabilização civil dele e, até, criminal, se confirmado dano à flora, à saúde humana ou mortandade de peixes — esclarece o promotor.
Segundo o engenheiro químico André Milanez, da Defesa Civil do Estado e da comissão da P2R2, que voou sobre o Taquari na tarde desta sexta, amostras de água foram recolhidas para serem analisadas na próxima semana. Durante o sobrevoo, foi possível constatar que a espuma começa na região na Serra e percorre mais de 80 quilômetros.
— A próxima etapa é saber quais lançamentos estão ocorrendo ao longo do Rio das Antas que poderiam causar este efeito na água. É preciso levar em consideração que a lâmina do rio está mais baixa por conta da estiagem. Por isso, não podemos afirmar, por enquanto, que o lançamento na água foi clandestino – resume Milanez.
A denúncia partiu da Defesa Civil de Estrela e da prefeitura de Roca Sales, que perceberam alterações significativas na água ao longo do Taquari — até agora, sem constatação de morte de peixes ou outros animais. O biólogo da prefeitura e fiscal do Departamento de Fiscalização Ambiental de Roca Sales, Cristian Prade, foi um dos primeiros a observar a espuma gordurosa junto à mata ciliar do rio.
— Esse material é, possivelmente, proveniente da região alta do Rio Taquari, e por ser uma área do Programa de Recuperação Sustentável da Mata Ciliar do Rio Taquari, acionamos a promotoria de Justiça especializada de Estrela — justifica.
Já a Defesa Civil de Estrela percebeu a coloração na segunda-feira passada (13), durante a vistoria de rotina no curso do rio. De acordo com o coordenador, Sandro Bremm, a espuma chegava a ficar grudada nas partes mais secas do rio, em alguns pontos.
— Nos preocupa muito a situação, porque prejudica o meio ambiente e a vida das pessoas. Temos muitos pescadores que vivem da pesca e famílias que se banham neste rio — alerta Bremm.