O ator americano e ambientalista Leonardo DiCaprio rebateu neste sábado (30) a acusação do presidente Jair Bolsonaro de que ele teria financiado queimadas criminosas no Brasil. Em comunicado publicado no Instagram, DiCaprio disse que "embora certamente mereçam apoio", ele não financia as organizações "que estão atualmente sob ataque".
DiCaprio escreveu que, neste momento de crise para a Amazônia, ele apoia as pessoas do Brasil que estão trabalhando para salvar sua herança natural e cultural. "Eles são um maravilhoso, comovente e humilde exemplo do comprometimento e da paixão necessários para salvar o meio ambiente", pontuou no texto.
Para o ator, o futuro "desses insubstituíveis ecossistemas está sob ataque", e ele diz se sentir "orgulhoso por estar junto com os grupo que os protegem. Afirma, ainda, que apesar de as organizações "visadas" merecerem o suporte, ele não as patrocinou.
"Eu continuo comprometido em apoiar comunidades indígenas brasileiras, governos locais, cientistas, educadores e público em geral que estejam trabalhando incansavelmente para preservar a Amazônia, para o futuro de todos os brasileiros", conclui, no comunicado.
Na sexta-feira (29), Bolsonaro acusou DiCaprio, sem apresentar qualquer prova, de dar dinheiro para "tacar fogo na Amazônia". Em agosto, o astro americano anunciou que a a fundação da qual ele é fundador, a Earth Alliance, doaria US$ 5 milhões a um fundo emergencial que destinaria o montante para ajudar entidades brasileiras no combate à série de queimadas.
Na entrada do Palácio do Alvorada, o presidente fez a acusação durante conversa com um grupo de apoiadores, segundo os quais os incêndios recentes no Pará tiveram motivação criminosa.
— Agora, o Leonardo DiCaprio é um cara legal, não é? — questionou. — Dando dinheiro para tacar fogo na Amazônia — acrescentou.
Na quinta-feira (28), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), igualmente sem provas, também afirmou que o ator americano e a organização não governamental (ONG) WWF financiaram queimadas criminosas no Brasil. Apesar das acusações, não há comprovação de que as entidades da sociedade civil tenham envolvimento na série de incêndios.
A troca de farpas se refere à prisão de quatro voluntários da Brigada de Alter do Chão nesta semana. O grupo foi formado em 2018 pelo Instituto Aquífero Alter do Chão, para ajudar no combate às queimadas na floresta, que atua em parceria com o Corpo de Bombeiros.
Na quinta-feira, a Justiça do Pará determinou a soltura dos brigadistas, que haviam sido presos no balneário de Alter do Chão, em Santarém (a 1.231 quilômetros de Belém). Eles foram detidos no âmbito da operação Fogo do Sairé, da Polícia Civil do Pará, que investiga a origem dos incêndios que atingiram uma área de proteção ambiental em Alter do Chão em setembro. O governo do Pará também demitiu a pessoa que coordenava o inquérito. O Ministério Público Federal, que investigava grileiros (e não brigadistas) pelo incêndio, solicitou acesso integral às investigações.