O Ministério Público Federal (MPF) em Santarém (PA) afirmou, em nota divulgada em seu site, que brigadistas e ONGs não estavam entre os suspeitos de terem causado incêndios florestais em área de proteção ambiental em Alter do Chão, no Pará, em setembro deste ano.
Na verdade, a investigação aponta como possíveis responsáveis o assédio de grileiros, a ocupação desordenada da região e a especulação imobiliária.
"Por se tratar de um dos balneários mais famosos do país, a região é objeto de cobiça das indústrias turística e imobiliária e sofre pressão de invasores de terras públicas.", diz a nota.
Foi enviado um ofício à Polícia Civil do Pará requisitando acesso integral ao inquérito que acusa brigadistas. Desde setembro, já estava em andamento na Polícia Federal um inquérito com o mesmo tema.
Foram presos Daniel Gutierrez Govino, João Victor Pereira Romano, Gustavo de Almeida Fernandes e Marcelo Aron Cwerner. Também foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão.
Os brigadistas foram presos numa operação que apura a origem dos incêndios que atingiram a região em setembro. Segundo a polícia, uma investigação de dois meses apontou indícios de que ONGs atuaram como causadoras do incêndio.
Ao todo, o fogo consumiu uma área equivalente a 1.600 campos de futebol e levou quatro dias para ser debelado por brigadistas e bombeiros.
De acordo com a Polícia Civil, uma investigação de dois meses apontou indícios de que ONGs, entre elas a Brigada de Incêndio de Alter do Chão, tenham atuado como causadoras do incêndio.
Em nota, a Brigada de Alter do Chão informou que, desde 2018, tem atuado no apoio ao combate a incêndios florestais, sempre em parceria com o Corpo de Bombeiros, e que ainda tenta entender o que motivou a prisão dos brigadistas.
"Estamos em choque com a prisão de pessoas que dedicam parte de suas vidas à proteção da comunidade, e certos de que qualquer que seja a denúncia ela será esclarecida e a inocência da Brigada e seus membros, devidamente reconhecida."
A Brigada ainda afirmou que brigadistas têm contribuído desde o início com as investigações policiais e já haviam sido ouvidos pela Polícia Civil, fornecendo informações e documentos às autoridades policiais de forma voluntária.
A defesa dos brigadistas ainda afirma que não existem requisitos que autorizariam uma prisão preventiva e que atuará para libertá-los da prisão.
Um dos responsáveis pela defesa dos brigadistas, o advogado Wlandre Leal afirma que a polícia inverteu a ordem do processo legal pedir a prisão dos brigadistas com a investigação ainda em andamento.
E defende que não há nenhum elemento que sustente um pedido de prisão preventiva: os quatro brigadistas não têm antecedentes criminais, possuem residência fixa e trabalho lícito. "É uma prisão desnecessária e abusiva."