O grande incêndio que começou há dez dias na região do Pantanal em Mato Grosso do Sul já atingiu uma área de 1.200 km2 , comparável à da cidade do Rio de Janeiro.
A estimativa da destruição foi feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número, porém, já aumentou e tende a crescer porque ainda há focos de incêndio, segundo Fábio Catarinelli, coordenador da Defesa Civil de Mato Grosso do Sul. Apesar dos esforços, não há previsão do fim do fogo.
— A situação está bem crítica, a temperatura está alta, a umidade está baixa, a vegetação está muito seca e esses fatores agravam a situação do incêndio. O fogo é voraz e até área alagada, cuja vegetação pega fogo por cima, queima muito rápido. Utilizamos um parâmetro que se chama "risco de fogo", e no Pantanal ele está entre alto, muito alto e crítico — diz Catarinell.
Devido à gravidade do incêndio, o governo estadual publicou, no último dia 31, uma resolução no Diário Oficial proibindo queimadas controladas por mais um mês, até dia 30 de novembro.
Na mesma linha, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil apontou a situação de emergência das cidades de Aquidauana, Bonito, Miranda e Corumbá, todos destinos turísticos que estão prejudicados pelos incêndios e seus desdobramentos, como falta e/ou oscilação de energia elétrica, água e internet.
— O fogo está sendo controlado, mas os incêndios são dinâmicos. Enquanto houver a ação humana no início desses focos, o trabalho ficará difícil — diz o tenente-coronel Fernando Carminati, do Corpo de Bombeiros do Estado.
Para combater os focos de incêndio, a Polícia Militar Ambiental tem feito fiscalizações e aplicado notificações acompanhadas de multas aos proprietários e pescadores que atearem fogo na terra.
Dificuldades para conter fogo
O principal desafio para conter e apagar as chamas é a densidade da mata e as áreas alagadas. O fogo passa por cima da água, por entre as copas das árvores, e segue queimando por cima de pântanos. Bombeiros relataram ter visto animais que fugiram desesperadamente e ainda assim morreram devido a queimaduras.
Ao todo, 151 pessoas, entre bombeiros e funcionários rurais, estão mobilizadas no combate ao fogo. Em uma única propriedade, houve mais de 40 mil hectares queimados.
— Os funcionários dessa e de outras fazendas foram treinados e também atuam com maquinário próprio para tentar evitar que o fogo se alastre para propriedades vizinhas — afirma Catarinelli.
Reforço no combate
Entre esta segunda-feira (4) e a terça-feira (5) devem chegar reforços de bombeiros do DF, compostos por uma aeronave capaz de transportar até 3.100 litros de água e mais 35 homens para o combate em solo. Em setembro, 30 homens da corporação já haviam sido enviados ao Estado para apoiar a equipe estadual contra outro incêndio na mesma região que chegou a destruir 35 mil hectares.
— Agora a situação foi bem pior — diz João Guilherme Venturini, sócio-proprietário do Passo do Lontra Hotel Fazenda. — Apesar de ao redor da nossa propriedade já estar tudo mais controlado, a verdade é que não sobrou nada. Ao andar no rio, as margens estão todas queimadas. Infelizmente, isso atrapalha todos e o turismo. O turista vem para ver a exuberância da nossa fauna e flora, mas, quando chega e vê quase nada em pé, tudo em cinzas, ele se frustra.
Segundo Venturini, alguns turistas foram embora mais cedo do que o previsto por conta da destruição da paisagem pantaneira.