Apesar de ser o argumento mais usado para defender a floresta e chamar a atenção para as recorrentes queimadas dos últimos meses, chamar a Amazônia de “pulmão do mundo” pode ser considerado um certo exagero. Isso porque boa parte do oxigênio que respiramos é proveniente dos oceanos, como esclarecem especialistas no assunto e palestrantes do evento Conexão Oceano, promovido pela Fundação Grupo Boticário, no Rio de Janeiro.
— A maior parte do oxigênio que está na atmosfera é produzido por microalgas que vivem nos oceanos. O mesmo processo que ocorre na Amazônia, de fotossíntese, também acontece com as plantas que vivem nos mares, que são as algas. E toda a superfície do oceano é repleta de microalgas. Como eles cobrem cerca de 70% da Terra, a produção é enorme — explica a mestre em oceanografia física Mariana Thévenin, fundadora do projeto Oceano para Leigos, que tem como objetivo mostrar como funcionam os mares de forma simples e clara para a população em geral.
Frederico Brandini, professor Titular no Departamento de Oceanografia Biológica do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), afirma que a produção do gás se divide entre mares e solo.
—A Amazônia produz menos de 2% do oxigênio que está na atmosfera porque ela também o consome, por meio dos animais. É um pouco de propaganda, mas o mar também não é o pulmão. Na verdade, temos dois pulmões, e os oceanos seriam um deles. A outra metade é vegetação terrestre, que, claro, tem a contribuição da Amazônia — afirma Brandini.
*A repórter viajou a convite da Fundação Grupo Boticário