Aplaudida e recebida por cerca de 200 pessoas, a jovem ativista pelo clima Greta Thunberg, que chegou nesta quarta-feira (28) a Nova York depois de cruzar o Atlântico em um veleiro, pediu o fim à "guerra contra a natureza" e sugeriu a Donald Trump que escute a ciência. A adolescente sueca pisou em terra firme em um dia chuvoso pouco depois das 16h (horário local) em um porto de Manhattan, após 15 dias de travessia.
— Minha mensagem para ele é que simplesmente escute a ciência, obviamente ele não faz isso — disse Thunberg, de 16 anos, em uma coletiva de imprensa, ao ser consultada sobre o que diria ao presidente americano que nega as mudanças climáticas.
Thunberg disse que não acredita que possa convencer Trump sobre a necessidade urgente de ação se outros não conseguiram isso, e explicou que se concentra em criar a maior consciência possível em outras pessoas.
— Precisamos agir, senão será tarde demais. Não esperemos mais, vamos fazer isso agora — pediu.
A jovem, que participará de uma conferência das Nações Unidas sobre o clima em setembro, não viajou de avião para não gerar emissões de carbono. Pierre Casiraghi, filho da princesa Caroline de Mônaco, ofereceu então à jovem ativista um barco de forma gratuita para a viagem. O "Malizia II", um veleiro de 18 metros de comprimento capitaneado pelo próprio Casiraghi e pelo marinheiro alemão Boris Herrmann, está equipado com painéis solares e turbinas submarinas que permitem gerar a eletricidade que alimenta os instrumentos de navegação, o piloto automático, os equipamentos de dessalinização e um laboratório para medir o nível de CO2 das águas.
A adolescente contou que não teve enjoos na viagem, iniciada em Plymouth, no sudoeste da Inglaterra. No entanto, ela admitiu que suas pernas ainda tremem em terra firme.
Thunberg se tornou um ícone da luta contra as mudanças climáticas depois de fazer greves estudantis toda sexta-feira na tentativa de chamar governantes e políticos à ação. Hoje em Nova York, ela falou sobre os incêndios na Amazônia, que considera na maior parte provocados por agricultores para expandir a área de cultivos e pastos.
Os incêndios na maior floresta tropical do mundo "são devastadores e tão horríveis que é difícil de imaginar. São um claro sinal de que precisamos parar de destruir a natureza e de que nossa guerra contra a natureza precisa terminar", considerou a jovem ativista.
Thunberg anunciou que nesta sexta-feira (30) participará em sua primeira greve escolar em frente à sede da ONU em Nova York, onde estudantes protestam toda sexta há seis meses (embora o ano escolar europeu ainda não tenha começado).