Peixes mortos foram encontrados boiando na manhã desta segunda-feira (15), na Lagoa do Violão, na praia de Torres, no Litoral Norte e chamou a atenção de moradores locais.
— Costumo caminhar de manhã próximo a lagoa e reparei nos peixes. Isso já vem acontecendo desde semana passada — ressalta o aposentado Amilton Machado. — Espero que os órgãos competentes investiguem a causa e recolham os peixes mortos. Já estão causando mau cheiro — completa.
Em comunicado divulgado no site, o secretário do Meio Ambiente e Urbanismo, Júlio Agápio, e o agrônomo da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Pesca da Prefeitura de Torres Gerson Luiz Nardi, afirmam que "é natural o aparecimento de peixes mortos em alguns pontos das margens da Lagoa do Violão na primeira semana de julho".
Os peixes, segundo o texto, são tilápias e, na grande maioria, filhotes. A causa, segundo a administração municipal, seria "devido à baixa temperatura das águas e ao grande cardume no local. O fenômeno é intensificado pelo fato de a lagoa ter pouca profundidade".
A prefeitura já começou a retirada dos animais, e a previsão é de que o trabalho siga ao longo da semana, dependendo das condições climáticas da região.
— Se a temperatura esquentar, o que é pouco provável, por estarmos no inverno, a mortalidade reduz e assim conseguimos dar conta de retirar os animais em pouco tempo. Se a temperatura baixar, certamente teremos uma maior mortalidade de tilápias — explica Nardi.
A Somar Meteorologia confirma a queda de temperatura devido a entrada de uma massa de ar frio na região. Até quarta-feira (17), os termômetros devem ter uma baixa de 3°C a 4°C.
Peixe exótico, a superpopulação do espécime está descontrolada, o que tem potencializado o problema, aponta Nardi. A prefeitura planeja adotar uma série de medidas para controlar o número dos animais, diminuindo a mortalidade.
— O município possui uma legislação que proíbe a pesca no local. Primeiro, teríamos que mexer na lei, para só depois tomar outras medidas técnicas e cabíveis que são absolutamente necessárias — enfatiza. — Não nos interessa deixar os peixes mortos ali. Isso só potencializa ainda mais a mortalidade — completa.
GaúchaZH entrou em contato com o Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) da UFRGS para entender melhor o fenômeno. Por não enviar técnicos para acompanhar o caso e avaliar a qualidade da água, o centro diz não ser possível dar parecer sobre as causas do ocorrido.
— Se forem tilápias, podemos lembrar que não são nativas do Brasil. São peixes que não toleram o frio por serem originários de lagos africanos — explica o professor e oceanógrafo do Ceclimar Fábio Lameiro Rodrigues.