Uma cratera que se estende por vários quilômetros na cidade de Mai Mahiu, no Quênia, e que já forçou algumas famílias a se retirarem de suas casas pode, em um futuro distante, provocar a divisão do continente africano em dois. As informações são do jornal O Globo.
Mai Mahiu se localiza sobre o Vale do Rift, região considerada de intensa atividade sísmica. De acordo com a pesquisadora da Universidade de Londres Lucia Perez Diaz, o vale tem uma estrutura geológica formada pelo fenômeno rifte continental, que consiste no afastamento em direções opostas de duas placas tectônicas – no caso, a africana, a Oeste, e a somali, a Leste.
Em artigo publicado no site Theconversation, Lucia explica que as fendas são o estágio inicial da fratura continental que pode resultar na formação de uma nova bacia oceânica.
— Um exemplo na Terra de onde esse fenômeno aconteceu é o oceano Atlântico Sul, que resultou na separação da África da América do Sul há 138 milhões de anos — explica a especialista.
Estima-se que a placa tectônica somali esteja se afastando 25 milímetros por ano da africana. Se esse ritmo for mantido, o continente deve se partir em dois apenas daqui a dezenas de milhões de anos. Mas as consequências da cisão já podem ser sentidas, como a necessidade, por exemplo, de mudança de residência por parte de algumas famílias, além de transtornos em vias da cidade.
Segundo o geólogo David Adele, não é possível conter o avanço da rachadura, porque se trata de movimentos da crosta terrestre, mas é possível projetar o seu crescimento, pois ela avança em linha reta. O especialista alerta que as autoridades e a população devem ficar atentas especialmente quando chove, devido a consequentes rachaduras, afundamento de terra e tremores.