Tanto no Brasil como no Rio Grande do Sul, o cooperativismo se tornou uma realidade cada vez mais presente. Para se ter uma dimensão, são mais de 4 milhões de cooperados em solo gaúcho, segundo dados apurados pelo Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Sistema Ocergs).
Dentro do Plano Gaúcho de Desenvolvimento para o Cooperativismo (RSCOOP), existe uma meta de atingir R$ 150 bilhões de faturamento, gerando 100 mil empregos diretos, R$ 300 milhões de investimentos em capacitação e R$ 7,5 bilhões de sobras líquidas anuais até 2027.
Para dar amplitude ao que vem acontecendo, em entrevista, o presidente do Sistema Ocergs, Darci Hartmann, comenta o cenário e as iniciativas criadas para este modelo de negócios.
Na sua visão, como tem sido a evolução do cooperativismo no Rio Grande do Sul?
Aumentou em torno de 6% no ano passado, acima até do crescimento do Estado. Evidentemente, tivemos um problema no ramo agropecuário com a queda da produção da safra da soja em 43% e do milho em 50%. Depois disso, na safra de inverno, tivemos a maior enchente dos últimos anos. Tínhamos um ano absolutamente hostil, mas, mesmo assim, o cooperativismo agropecuário teve resultado, decresceu um pouco em relação aos anos anteriores, mas a média cresceu pela profissionalização e pela gestão. Essa capacidade de integrar todos os setores da atividade econômica e fazer esse desenvolvimento regional sustentável foram importantes para esse crescimento do cooperativismo.
Diante deste contexto, de que forma o Sistema Ocergs tem contribuído com as cooperativas?
Estamos acompanhando economicamente todo o sistema cooperativo por meio de mais de 40 projetos de diagnóstico para atacar pontos que não estão tão desenvolvidos entre as cooperativas. Dessa maneira, estamos instrumentalizando a profissionalização e a gestão desse tipo de negócio. Também estamos com atenção aos jovens dentro do sistema cooperativo, esse associado do futuro que vai gerir a cooperativa.
Além disso, para nós é muito importante buscar alternativas de desenvolvimento regional. A ideia é começar a fazer trabalhos e reuniões para criar núcleos com as cooperativas e, independente do ramo, conversar com todos. Por exemplo, na região de Santa Rosa, vamos buscar três questões fundamentais: uma delas está associada ao desenvolvimento, à profissionalização e à gestão. O segundo item será a intercooperação, a operação transversal, que nós podemos fazer negócios entre nós. E a terceira questão é discutir as oportunidades de crescimento e desenvolvimento das cooperativas naquela região, que vão implicar em investimentos em indústrias e empresas, bem como criar negócios em conjunto para que realmente possamos verticalizar e, cada vez mais, promover o crescimento econômico e consolidar o sistema.
Uma das novidades deste ano é o Prêmio Somoscoop Excelência em Gestão RS. O que propõe essa iniciativa?
Vamos fazer o lançamento desta premiação na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque. A função do Sistema Ocergs é muito mais criar alternativas de negócios aos associados. O prêmio vai valorizar as cooperativas que estão atingindo o nível de excelência em gestão, profissionalização, independência dos poderes estratégicos e operacionais, tudo isso para que realmente possamos consolidar nosso setor. Estamos em uma expectativa muito positiva quanto a essa premiação, que vai ser absorvida e abraçada pelas cooperativas para que realmente possamos avançar o cooperativismo como alternativa econômica.
Já que você mencionou a Expodireto Cotrijal, a entidade, mais uma vez, estará presente. O que será promovido pelo Sistema Ocergs?
Como em outras edições, estaremos no Campo em Debate, com uma série de autoridades. Queremos realmente debater as questões relacionadas ao cooperativismo e construir propostas para o futuro. Na minha visão, a organização estadual tem como vertente principal a representação e, por meio da Expodireto Cotrijal, temos esse momento de trazer as autoridades para debater temas, como os problemas da seca que ainda não foram resolvidos.
Além disso, teremos a reabertura da Casa do Cooperativismo, com uma nova estrutura e identidade visual. O espaço terá salas de reuniões e de negócios, com uma nova visão do cooperativismo, da gestão e da profissionalização. Também teremos um mini auditório, onde podemos realizar palestras e debates. A ideia é usar a Casa além do evento, durante o ano todo, quando tivermos os nossos encontros regionais.
E quais são as expectativas da entidade para este ano?
Em 2024, teremos o Congresso Brasileiro do Cooperativismo, em maio, que vai decidir e discutir as grandes linhas estratégicas. Temos que aprofundar e aprimorar a nossa representação. Estamos com uma expectativa de um ano muito positivo, no sentido de que vamos sair dessa seca. Na média geral, vamos produzir grãos, mesmo que o preço esteja deprimido. Possivelmente poderá acontecer alguma coisa melhor, apesar de que o mercado não esteja finalizado até agora. Acreditamos que quando temos os grãos, já existe uma boa oportunidade de fazer esse aumento. O cooperativismo tem 50% de todas as atividades de agronegócios, e como tem essa capilaridade de recepção e de acompanhamento do produtor, entendemos que todos os setores crescem.