Está mais perigoso circular pelas rodovias gaúchas. A retomada de atividades, favorecida pela queda nos índices da pandemia, favoreceu um aumento de um terço no número de mortes em estradas estaduais e federais no primeiro trimestre deste ano em comparação com os mesmos meses do ano passado.
A quantidade de vítimas saltou de 130 de janeiro a março de 2021 para 173 agora – um crescimento de 33,1% que deixa o patamar atual de letalidade sobre o asfalto acima do que foi verificado mesmo antes da chegada do coronavírus e da imposição de medidas de desestímulo à circulação. Em 2019, as polícias rodoviárias notificaram 151 mortes.
Os dados coletados por GZH com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), que consideram apenas os óbitos ocorridos no local do acidente, indicam que o salto nos indicadores de violência viária é generalizado: houve aumento nos registros de colisões, mortos e feridos tanto nas vias sob responsabilidade do Estado quanto naquelas sob supervisão federal.
A análise dos indicadores demonstra que a notificação de óbitos subiu acima dos níveis verificados para o total de acidentes ocorridos (9%) e de feridos (14%), o que sugere um aumento na violência das ocorrências.
Entre as razões apontadas para o cenário atual está a retomada de atividades sociais e econômicas em níveis mais próximos do normal, que se reflete também na ocupação das rodovias.
— Com a volta à normalidade do movimento nas rodovias e da retomada dos eventos, festas e outras atividades, não foi mais registrada a redução de acidentes, mortos e feridos que foi verificada à época do início da pandemia, resultado do menor fluxo de veículos. Assim, os números de acidentalidade voltaram ao nível anterior a 2020 – analisa o chefe da comunicação da PRF no Estado, Felipe Barth.
Mas os policiais rodoviários também percebem um aumento na imprudência dos motoristas mesmo nos períodos de menor movimento, o que pode explicar a piora mesmo em comparação ao período imediatamente anterior ao coronavírus.
– No sábado e no domingo, as rodovias não têm tráfego como nos dias de semana. Então os condutores, por terem uma pista mais livre, acabam cometendo excesso de velocidade e começam a fazer ultrapassagens imprudentes, em locais proibidos, e a causa principal dos acidentes é imprudência – avalia o major Cristiano Moraes, chefe de operações do CRBM.
Em Porto Alegre, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) divulgou nesta segunda-feira (11) um balanço que demonstra elevação de 24% na quantidade de acidentes nas vias do município, mas um ligeiro recuo na cifra de óbitos. Considerado apenas o primeiro trimestre, morreram 14 pessoas no ano passado e 11 agora.