Quando perdeu o controle do caminhão que dirigia na BR 364, no limite entre São Paulo e Minas Gerais, no último dia 17, o motorista Leandro Dias, 42 anos, tentou puxar rapidamente o volante em direção à estrada para não colidir com a defensa, mas o comando não foi obedecido.
Em frações de segundos, o caminhoneiro de Lajeado imaginou que iria bater na mureta de proteção da ponte que atravessava e permanecer na pista, mas logo percebeu que estava desabando de uma altura de 10 metros dentro de um veículo de 45 mil quilos.
— Pensei: "meu Deus do céu, vou morrer afogado". Logo ficou tudo escuro, não conseguia ver a fundura do rio. Fui tentando sair dali, encontrei uma abertura, não sei se era uma janela, mas consegui sair da cabine e colocar a cabeça para fora. Fui nadando até um pilar, me agarrei, percebi que estava sangrando. Quando olhei para o lado, vi os pescadores me procurando. Eles gritaram: "Ali está ele, o motorista!". Como eles estavam de barco, me puxaram para cima. Foi a minha sorte. Nasci de novo — conta.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o caminhão destruiu aproximadamente 26 metros de defensa e 17 metros de parapeito da ponte Gumercindo Penteado.
Chamada pelos pescadores, uma equipe do Samu levou o motorista ao Hospital Municipal Júlio Rodrigues de Paula, em Colômbia, município onde o acidente ocorreu. Com cortes e arranhões e relatando dor, Dias foi encaminhado à Unidade de Saúde de Barretos para fazer exames. Lá, descobriu que havia fraturado o maxilar.
— Mas o osso só trincou, não se deslocou. Também bati a perna, tive cortes e arranhões, mas do jeito que aconteceu, de cair daquela altura, não dá nem para acreditar que estou inteiro — afirma o motorista, que recebeu alta na última terça-feira (23), quando retornou para casa, no Vale do Taquari.
No dia do acidente, o motorista estava sozinho dentro do seu Scania 113 levando uma carga de enlatados de Barretos (SP) para Castanhal (PA). Essa seria uma parte da viagem que havia iniciado há 15 dias, quando deixou o Rio Grande do Sul em direção ao norte do país. Como de costume, levou boa parte dos seus pertences para permanecer por cerca de 30 dias na estrada.
— No final das contas, voltei sem nada. Perdi tudo, tudo. Caminhão, celular, roupas, ficou tudo dentro do rio — lamenta ele, que trabalha como caminhoneiro há 12 anos.
Segundo Dias, a operação para retirada do caminhão de 18 metros de comprimento de dentro do rio levou três dias e houve perda total.
— Minha sorte é que fiz um bom seguro do cavalo (cabine). O problema vai ser a carreta, terei um prejuízo grande. Mas, graças a Deus, estou vivo — celebra.