Ações "cirúrgicas", como o reforço da fiscalização Balada Segura até o amanhecer, são algumas das primeiras medidas a serem tomadas pelo Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS) após a divulgação de pesquisa que apontou que quase 40% das pessoas que morreram no trânsito no Estado tinham álcool no sangue. A análise é fruto de uma parceria entre o órgão e o Instituto-Geral de Perícias (IGP).
A partir de sexta-feira (20), as ações já estarão nas ruas das principais praias gaúchas, garantiu o diretor-presidente do Detran-RS, Enio Bacci, durante entrevista ao Gaúcha Atualidade.
— Acertamos com a EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) que, em Porto Alegre, as operações ficarão mais com eles e nós vamos transferir nossa equipe para os Litorais Norte e Sul. A partir de amanhã (sexta-feira), as operações já vão para o litoral e vão se estender até o fim de fevereiro. Serão operações permanentes, para que as pessoas percebam os riscos. Que as festas sejam regadas a espumante e não por sangue nas estradas gaúchas — destacou.
De acordo com Bacci, as operações vão atuar até o amanhecer. A decisão se baseia em dados da pesquisa que mostraram que o período no qual ocorreram mais mortes foi a madrugada.
— Antes, tateávamos no escuro. Agora, vamos atuar com ações cirúrgicas. Não adianta fazer Balada Segura o dia inteiro em uma terça ou quarta-feira. Operações precisam acontecer todos os dias e se intensificar na sexta, sábado e domingo. E precisa passar a madrugada toda fazendo essas operações, pois muitos esperam amanhecer para se locomover ou sair de festas —justificou.
Além disso, Bacci afirmou que pretende ampliar a parceria com os municípios para realização das blitze. Atualmente, falou, a parceria existe com apenas 35 prefeituras.
Sobre o índice alto de ciclistas e pedestres que morreram e foram identificados com álcool no sangue, Bacci disse que é reflexo de um comportamento, principalmente de moradores do Interior, de frequentar bares e depois voltar para casa na beira de rodovias.
— Várias conclusões podem ser feitas. É um trabalho embrionário. Ainda há muito a ser feito pela frente.
Bacci também falou sobre a faixa etária identificada como a que mais morre no trânsito e tem álcool no sangue: entre 45 e 54 anos, que representou 47,9% dos óbitos. Para o presidente do Detran-RS, isso mostra que os jovens estão mais abertos às campanhas de educação feitas pelos órgãos de trânsito do que os mais velhos.
— Os com mais de 35 anos estão mais reticentes e resistentes a isso (a mistura de álcool e direção) — concluiu.