A implantação da terceira faixa na BR-116, no bairro Planalto, em Caxias, que permitiu dar mais fluidez ao trânsito, também se transformou em dor de cabeça para quem mora ou trabalha às margens da rodovia. Os alvos das reclamações são os acessos às casas e empresas que, segundo relatos obtidos por GaúchaZH, ficaram prejudicados após as movimentações realizadas no terreno durante as obras, concluídas na metade do mês.
Uma das moradoras que tem enfrentado dificuldades é Simone Lorensi Abatti, que mora em uma casa no km 152 da rodovia há 25 anos. A relações públicas, chegou a publicar um vídeo mostrando a situação da entrada da rua que dá acesso à residência e a outras três empresas. A publicação, que já superou as 6 mil visualizações, mostra pedras, terra e resíduos das obras. Além disso, não há acostamento para quem precisa acessar a rodovia, o que dificulta o trânsito dos caminhões que precisam chegar e sair das empresas. Simone relata que ela e o marido, a cada fim de tarde, tentam amenizar o problema.
— No final do dia, para quem sabe no dia seguinte podermos sair de casa, pegamos uma pá e carregamos terra para tapar os buracos e ficamos rezando para não chover durante a noite. Na tarde de terça-feira (25) um funcionário de uma das empresas quebrou todo o para — choques do carro dele tentando entrar na rua.
Outro problema enfrentado pela moradora é a localização do bueiro construído no ponto. Ele fica após a entrada da rua e, quando chove, a água escorre pelo leito da rua em direção às casas.
Já o proprietário da empresa Madeirão, Eroci João Bado Avella, estuda realizar um abaixo-assinado caso a situação não se resolva. Isso porque a diminuição do acostamento dificultou o acesso de caminhões que, muitas vezes, chegam com cerca de 40 toneladas de madeira.
— Todos os carros que vão entrar no comércio têm que parar na pista. Também não tem lugar para os idosos caminharem para pegar o ônibus — reclama.
Contraponto
De acordo com o engenheiro da unidade do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit) em Vacaria, Daniel Bencke, os moradores e empresários foram ouvidos durante as obras e nenhum acesso está bloqueado. Ele reconheceu que alguns pontos podem ser ajustados, mas é preciso avaliar caso a caso. Para isso, a recomendação é entrar em contato diretamente com o Dnit.
— Ninguém está sem acesso, mas é uma nova realidade da rodovia e os moradores e empresários terão que se adaptar. O espaço de fato diminuiu porque foi usada a faixa de domínio da rodovia. A preocupação principal do Dnit é com os usuários. Claro que os lotes nos preocupam e dá para adaptar, mas não pode gerar risco para a rodovia. A gente também não se opõe se a prefeitura quiser fazer alguma melhoria, desde que o Dnit acompanhe — explica.
Bencke disse ainda que o órgão não tem mais recursos para pavimentar as calçadas, mas vai nivelar o terreno nos próximos dias para permitir a passagem de pedestres. O secretário municipal de Obras, Leandro Pavan, disse que o município tem interesse em resolver os problemas, mas o assunto precisa ser avaliado pela Secretaria do Planejamento, responsável pela elaboração do projeto de ampliação da rodovia.