A Polícia Civil instaurou, nesta segunda-feira, um inquérito para investigar o acidente envolvendo um caminhão de lixo que tombou na última sexta-feira, no bairro Azenha, em Porto Alegre. Uma criança de 11 anos morreu e a avó dela ficou gravemente ferida ao serem atingidas pelo veículo. O principal objetivo é descobrir as causas do tombamento, para depois chegar aos responsáveis.
De acordo com o titular da Delegacia de Lesões Corporais de Trânsito de Porto Alegre, Gabriel Bicca, a investigação não encontrou imagens de monitoramento que tenham flagrado o momento do acidente – as câmeras da EPTC estariam viradas para o lado contrário da Avenida da Azenha, e o alcance dos equipamentos das lojas não chega à rua.
– Assim, vai ser fundamental para a investigação os laudos periciais, que podem ser determinantes, e, caso eles não sejam, o depoimento das testemunhas será importantíssimo – afirma Bicca, acrescentando que há, identificadas, 12 pessoas que presenciaram a colisão.
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Os peritos analisaram o local do acidente e o caminhão de lixo – que está apreendido para novo exame –, incluindo o tacógrafo, que vai apontar a velocidade com que o motorista trafegava quando causou o acidente. O delegado também aguarda o resultado de testes clínicos – de embriaguez e substâncias toxicológicas – que o motorista realizou.
– Trabalhamos com homicídio de trânsito culposo (quando não há intenção de matar), pelo horário do acidente, pelo fato de o motorista estar trabalhando e supondo que ele não tinha intenção de causar um acidente. Os exames servem para descartar que ele tenha assumido o risco de matar – esclarece Bicca.
Segundo ele, a investigação vai apurar se houve "imprudência, negligência ou imperícia por parte do motorista ou da empresa". A Conesul, dona do caminhão e que presta serviços de coleta automatizada de lixo para a prefeitura de Porto Alegre, está colaborando com o caso e se colocou à disposição da polícia. O advogado da empresa disse ao delegado que o caminhoneiro Claudiomiro Mayer de Souza, 36 anos, vai prestar depoimento nos próximos dias.
Um dos pneus dianteiros do caminhão estava furado, confirmou o delegado. No entanto, ele afirma que não é possível afirmar ainda se foi o estouro que causou o acidente, mesmo que testemunhas tenham relatado terem ouvido um barulho alto antes do atropelamento de avó e neta.
– Não se pode deduzir se o pneu estava furado e causou o acidente, nem que furou por causa do acidente. Pode ser tanto causa como consequência da colisão. O barulho pode ter sido do choque do caminhão na mureta do canteiro central, por exemplo. Isso somente a perícia vai precisar – ressalta Bica.
Sueli Oliveira da Rosa, 75 anos, segue internada na UTI do Hospital de Pronto Socorro (HPS) em estado grave, sem previsão de alta. A neta dela, Raissa Oliveira do Nascimento, 11 anos, morreu no local.
Avó e neta faziam o habitual caminho a pé até a escola da menina, quando, a 350 metros do destino, no início da tarde de sexta, foram atingidas pelo veículo na Avenida Azenha. Órfã, Raissa tinha deficiência mental e vivia com a avó. Sueli ainda cuida de uma filha que tem necessidades especiais.