Em protesto por mais segurança, rodoviários paralisaram as linhas T4, da Carris, 429-Protásio Iguatemi e 433-Vila Jardim, da Unibus, na manhã desta quinta-feira em Porto Alegre. Motoristas se concentraram na Avenida Protásio Alves com a Antônio de Carvalho - ponto onde dizem ocorrer o maior número de assaltos - por volta das 8h30min, formando uma fila de ônibus na faixa da direita.
Em seguida, os ônibus saíram em comboio, liderados por uma caminhada, em direção ao Centro. Segundo a Carris, dos 18 veículos dessas linhas que deveriam estar em operação, apenas 11 circularam durante a manhã. A empresa disse ter remanejado cinco ônibus para suprir a linha T4.
À tarde, os trabalhadores fizeram novo protesto, impedindo a saída de coletivos das linhas T3 e T4, da Carris, no Terminal Sul, na Avenida Diário de Notícias, perto do Barra Shopping.
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Os rodoviários se mobilizaram após sequência de roubos. Em um deles, um motorista foi atingido por tiro de raspão, na Estrada dos Alpes, bairro Teresópolis.
A carreata foi encerrada por volta das 10h30min, quando os rodoviários seguiram em direção ao Palácio Piratini para reunião com o governo estadual. Representantes da manifestação foram recebidos pelo chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi, e oficiais da Brigada Militar (BM), e cobraram reforço no policiamento.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre, Adair da Silva, afirma que, nos últimos 30 dias, as três linhas paralisadas ontem somaram mais de 20 assaltos. No geral, teriam ocorrido 38 roubos em ônibus que circulam pela Capital apenas em julho - mais de um por dia. A maioria atinge cobradores, mas em alguns casos os ladrões atacam passageiros, como na última terça-feira, quando um coletivo da linha T4 teve 30 usuários assaltados por criminosos.
Veja as imagens da manifestação na manhã desta quinta-feira:
Brigada promete reforçar barreiras
Até a virada dos anos 1990 para os 2000 a situação era ainda pior. Em Porto Alegre ocorriam, em média, dois assaltos a ônibus por dia - foram 830 em 1999.
Duas providências implementadas pelas empresas diminuíram a incidência de ataques. A primeira, adotada em 2000, foi o embarque pela porta da frente, o que inibe a ação dos ladrões, já que motorista e cobrador estão próximos da entrada do veículo e podem reagir. Além disso, os passageiros enxergam melhor quem entra.
Mas a principal providência foi a adoção do cartão magnético no lugar do vale-transporte (e do dinheiro), em 2007, reduzindo os valores em circulação nos ônibus. Mesmo assim, os roubos continuam e grande parte da culpa recai sobre viciados em crack, aponta a tenente-coronel Cristine Rasbold, chefe em exercício do Comando de Policiamento da Capital (CPC), da BM.
- Eles usam o assalto a ônibus para conseguir dinheiro fácil, R$ 50, R$ 100, para a próxima dose de drogas - explica a oficial.
Em satisfação aos rodoviários, Cristine promete reforçar providência que já vem ocorrendo: barreiras do Batalhão de Operações Especiais (BOE) nos "pontos sensíveis" da Capital. Ela garante que têm dado resultados: este ano, o policiamento militar prendeu 8.750 pessoas em Porto Alegre (a maioria por roubo ou furto). Dessas, 301 eram foragidos de presídios e outros 224 tinham mandados de prisão por cumprir. Outra medida cogitada é a infiltração de PMs à paisana nos veículos, para delatar a presença de criminosos.