Estudo indica que Muro da Mauá pode falhar em caso de cheia do Guaíba
Por que o Muro da Mauá não pode ser demolido
O bloqueio do acesso a Cachoeirinha pela Avenida Assis Brasil chega ao quinto dia em função do alagamento da pista. A água que atingia o canteiro central no começo da noite de quinta-feira recuou nesta manhã, mas não o suficiente para que veículos voltem a circular no trecho. E o baixo ritmo de escoamento mantém sem previsão a liberação do trecho, apesar de a chuva ter poupado a Região Metropolitana desde quarta-feira.
É que, para que a água recue na pista, o nível do Rio Gravataí também precisa baixar - mas o afluente tem tido dificuldades para desaguar no Delta do Jacuí, que forma o Guaíba. Isso porque os principais rios do sistema (Jacuí e Taquari, que representam cerca de 90% da água escoada) também estão cheios. Assim, as águas dos rios menores, caso do Gravataí e também do Sinos, acabam represadas.
- Quando os rios estão cheios, tecnicamente, chamamos de remanso: é um atraso no fluxo das águas em função de um desnível menor nas linhas de água. Tem de haver um desnível, que é o que comanda, hidraulicamente, o escoamento - explica o diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, André da Silveira.
A vazão média no Guaíba, que costuma ser de 1,5 mil metros cúbicos por segundo, sobe para 2,5 mil no inverno. O professor estima que, com a mais recente chuvarada, o fluxo possa ter chegado a 9 mil - quase quatro vezes o normal para esta época do ano. Não por acaso, o nível do Guaíba seguia em 2,46 metros ao meio-dia desta sexta-feira, índice que emite sinal de alerta às autoridades.
Por que Porto Alegre não inundou com a chuvarada desta semana?
Saiba por que o nível dos rios seguiu subindo após o fim da chuva
- O esvaziamento sempre é mais lento que a subida da água. Para o Gravataí esvaziar, primeiro, o Guaíba terá de esvaziar - complementa Silveira.
O alagamento da Assis Brasil surpreendeu, ainda na segunda-feira, o diretor de trânsito de Cachoeirinha, Airton Espíndola. Segundo ele, desde a duplicação da via que dá acesso ao município, há 20 anos, foi a primeira vez que a pista teve de ser fechada devido a uma cheia. E o recuo da água não é garantia de liberação do trânsito: o local deverá passar por uma vistoria para que se certifique de que o alagamento não causou danos à estrutura.
* Zero Hora