Apesar de enfrentarem problemas em razão dos combustíveis, que já estão em falta em São Miguel do Oeste, os moradores do Extremo Oeste demonstram apoio à mobilização dos caminhoneiros.
- Os donos eu não sei, mas eu apoio pois o meu marido é motorista - disse uma funcionária do Posto Daltoé, em São Miguel do Oeste.
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Boa parte dos moradores da cidade encheu o tanque antes do fim de semana, quando houve a falta, e outros estão economizando e indo abastecer em cidades vizinhas, como Belmonte. Nas ruas há uma preocupação com falta de produtos, mas ao mesmo tempo as manifestações são de apoio.
Em São José do Cedro o comércio fechou em apoio às reinvindicações dos motoristas. Em São Miguel do Oeste, os comerciantes estão até doando mantimentos.
- Ninguém paga pelas refeições aqui - disse o empresário Sidinei Capoani, que está na comissão dos coordenadores do protesto em São Miguel do Oeste.
Capoani tem uma empresa de guincho e um caminhão de transporte. Ele afirmou que está com dificuldade para pagar a prestação do caminhão, pois os custos aumentaram 30% em um ano.
- Estamos pagando para trabalhar - disse.
Trechos bloqueados
Chegou a quinze o número de pontos com passagem de caminhões interrompida nas rodovias catarinenses nesta segunda-feira, em função de manifestações de caminhoeiros e agricultores. As informações foram repassadas pelas polícias Rodoviária Federal (PRF) e Militar Rodoviária (PMRv).
Na maioria dos trechos, manifestantes permitem apenas a passagem de carros de passeio, ônibus, cargas perecíveis e veículos oficiais. Na tarde desta segunda-feira, quatro novos pontos de interrupção foram registrados pela PRF: em Palmitos, Concórdia, Papanduvas e Pouso Redondo. O bloqueio no km 402 da BR 282, em Catanduvas, foi liberado às 17h40min.
Início de mobilização na BR-470 em Pouso Redondo nesta segunda-feira. Foto: Michel Oliveira/Divulgação
Veja todos os pontos de bloqueio que seguem até às 19h55min desta segunda-feira, segundo a PRF:
1 - São Bento do Sul - km 122 da BR 280
2 - Papanduva - km 54 da BR 116
3 - Pouso Redondo - km 174 da BR 470
4 - Campos Novos - km 339 da BR 470.
5 - Campos Novos - km 317 da BR 282.
6 - Irani - km 64 da BR 153
7 - Concórdia - km 97 da BR 153
8 - Cunha Porã -- km 109 da BR 158
9 - Palmitos - km 139 da BR 158
10 - Xanxerê - km 504 da BR 282
11 - Nova Erechim - Posto Maxsull - km 571 da BR 282
12 - Maravilha - (trevo) km 605 da BR 282
13 - São Miguel do Oeste (trevo) - km 645 da BR 282
14 - Guaraciaba Km 87 da BR 163 (trevo de Anchieta)
15 - São José do Cedro - km 101 da BR 163
Quatro pontos de bloqueio foram liberados no fim de semana
O bloqueio do trevo de Belmonte e da BR-158 em Palmitos, realizados no sábado, foram liberados no mesmo dia. Por volta das 17h deste domingo, a passagem foi liberada no km 54 da BR-116, em Papanduva. Já em Mafra o km 7 da BR-116 foi liberado por volta das 19h.
O bloqueio em Xanxerê (Km 505 da BR-282) foi liberado por volta das 9h deste domingo e retomado cerca de uma hora depois.
Centenas de caminhões estão parados
Em São Miguel do Oeste - o local com mais caminhões parados, no trevo da BR-282 com a SC-163 -, os manifestantes também bloqueavam cargas de leite e ração, afirmando que só liberariam quando os agricultores se incorporassem ao movimento. A passagem para o transporte destes itens foi liberada por volta das 13h30min deste sábado.
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A paralisação dos caminhoneiros começou na quarta ganhou força na sexta-feira. Motoristas protestam contra o aumento dos combustíveis e más condições das estradas, entre vários outros itens.
Eles entregaram um pauta de reivindicações ao deputado estadual Mauro de Nadal, que esteve no local e ficou encarregado de fazer uma ponte entre os manifestantes e autoridades dos governos estadual e federal. O deputado também publicou um vídeo na internet defendendo o movimento.
O movimento é independente, liderado por caminhoneiros autônomos da região. O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes e Transportadores do Oeste e Meio-Oeste Catarinense (Setcom), Paulo Sermione, afirma que a organização não tem envolvimento com o protesto, mas apoia as reinvidicações.
Manifestantes na manhã de sexta-feira Foto: Ederson Abi/Portal Peperi / Divulgação
No final da tarde a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc) anunciou o apoio ao motoristas. Já o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul), afirmou que a entidade não foi convidada oficialmente. Ele destacou que cada categoria deve buscar defender suas reivindicações.
Municípios têm desabastecimento
A paralisação já começa a causar transtornos na região. Em São Miguel do Oeste já começa a faltar combustível em alguns postos, segundo informações do portal da Rede Peperi.
O presidente da Aurora Alimentos, Mário Lanznaster, disse estar preocupado com a possibilidade do movimento seguir na próxima semana. A Aurora tem um frigorífico em São Miguel do Oeste, onde abate 1.850 suínos por dia, e outro em Maravilha, onde abate 136 mil aves por dia.
Ele afirmou já há um aumento de custos, pois os produtos que passavam pela BR 282 estão tendo que encontrar rotas alternativas por rodovias estaduais, por Anchieta, Campo Erê e Modelo.
Manifestantes na manhã de sexta-feira Foto: Ederson Abi/Portal Peperi / Divulgação
Mobilização
Comércio de São José do Cedro, no Extremo Oeste de SC, fecha as portas em apoio aos caminhoneiros
Moradores de São Miguel do Oeste também se mostram sensibilizados com o movimento
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