Sob o céu nublado e um calor de quase 30ºC, um cortejo fúnebre acompanhou o carro que levava Nair dos Santos Silva, 69 anos, e Priscila Silva Barbosa, 28, para o sepultamento no Cemitério Municipal de Santo Antônio da Patrulha na tarde desta quarta-feira. Mãe e filha foram vítimas do acidente com um ônibus na ERS-030, que deixou seis mortos na terça-feira.
Amigos e vizinhos participaram da cerimônia, confortando membros da família, que encolheu nos últimos anos. Em 2011, Matusalém da Silva Martins, 46 anos, também filho de Nair, foi vítima de uma colisão entre um carro e uma caminhonete na mesma rodovia em que tombou o coletivo da Unesul.
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Durante o velório na capela lateral do cemitério, que teve início no começo da tarde, familiares e amigos lamentavam o ocorrido, questionavando a imprudência no trânsito. A despedida durou cerca de duas horas.
Mãe e filha tinham ido a Gravataí para que a dona de casa pagasse uma conta. Na volta, marcariam uma consulta médica para a caçula, casada com Adair José de Fraga e mãe de uma menina de oito anos.
Natural de Alvorada, a dona de casa era mãe de cinco filhos, dos quais apenas duas estão vivas: Márcia Silvana Martins Sarmento, 48 anos, e Maria Solange Martins Santos, 50. Priscila, que tinha dificuldades de aprendizagem, morava com a mãe.
Priscila conheceu o marido na Apae
Foi como frequentadora da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) que a jovem conheceu o marido, Adair, um dos mais abalados com a morte da Nair e Priscila. O jovem também apresentava problemas de aprendizagem.
Apesar das restrições (membros da Apae não podem se relacionar como namorados), o casal decidiu ficar unido. Nair apoiou a filha e foi além: convidou o genro para viver em sua casa, para que pudesse ajudar os dois no que fosse preciso.
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Presidente da Apae local à época em que o casal se conheceu, Terezinha Cardoso lembrou da história durante o enterro. Para ela, a conduta de Nair deve ser motivo de orgulho a amigos e familiares.
- O exemplo da dona Nair é um exemplo muito bonito - disse.
Com o auxílio da Apae, que também faz encaminhamentos profissionais, Adair conseguiu emprego em um supermercado. Há oito anos, o casal teve uma filha, Maria Vitória.