O monarca do reino Ashanti de Gana inaugurou uma exposição de dezenas de artefatos reais saqueados durante a era colonial, emprestados de museus britânicos, no Museu do Palácio Manhyia, em Kumasi, para comemorar seu jubileu de prata.
Fundado em 1670 e dissolvido pelo Império Britânico em 1902, o reino Ashanti sobreviveu desde 1957 como um Estado subnacional tradicional reconhecido pela Constituição da República de Gana.
No início deste ano, o Museu Britânico e o Victoria & Albert Museum concordaram em emprestar por "três anos, renováveis por mais três", 32 tesouros de ouro e prata saqueados pelas forças militares britânicas da corte do reino Ashanti durante as guerras anglo-assírias do século XIX.
Os tesouros incluem a espada do reino, chamada Mpomponsuo, e as insígnias de ouro dos oficiais autorizados a purificar a alma do rei. A coleção também contém um alaúde de ouro dado pelo rei Ashanti, Osei Bonsu, ao diplomata britânico Thomas Edward Bowdich como parte de um tratado comercial em 1817.
Em uma cerimônia celebrada em Kumasi, o centro da cultura Ashanti em Gana, na quarta-feira, o atual rei Otumfuo Osei Tutu II disse que a primeira exposição de artefatos no Museu do Palácio Manhyia reflete "a alma do povo Ashanti".
— Hoje é um grande dia para os Ashanti, um grande dia para o continente negro africano, e os espíritos estão conosco novamente — acrescentou.
Reparação cultural
A devolução desses objetos a Gana ocorre em um momento de crescente pressão sobre museus e instituições europeias e americanas para que devolvam peças de arte africanas roubadas sob o domínio de antigas potências coloniais, como o Reino Unido, a França, a Alemanha e a Bélgica.
De acordo com Tristram Hunt, diretor do Victoria & Albert Museum, os objetos, que simbolizam a rica herança do reino Ashanti, estão sendo devolvidos a Gana para abordar "a história muito dolorosa que envolve a aquisição desses objetos, uma história marcada pelas cicatrizes do conflito imperial e do colonialismo".
Chris Gosden, administrador do Museu Britânico, disse que o museu estava "totalmente comprometido com a continuidade desse relacionamento baseado em amizade, confiança, respeito mútuo e disposição para o diálogo".