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Única vencedora gaúcha do South Summit 2024, startup busca aumentar taxa de sucesso na fertilização in vitro

Ostera, criada em 2020, tem trabalho para identificar óvulos com maior potencial de gerar embriões promissores de forma não invasiva

Christian Bueller

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Mais de 2 mil empresas se inscreveram competição entre startups do South Summit Brazil 2024. Dos 50 finalistas, dez disputavam os lugares mais altos em cinco categorias. Entre os vencedores, apenas uma gaúcha, a Ostera, especializada no setor da biotecnologia e trabalha com reprodução assistida. 

Primeira no pódio na categoria Startup Mais Escalável, ou seja, com mais capacidade de crescimento sem precisar aumentar os recursos, a empresa, surgida em 2020, criou a OsteraTest, metodologia que identifica aqueles óvulos com maior potencial de gerar embriões promissores, antes da Fertilização in vitro (FIV). A técnica alia expressão gênica e inteligência artificial para aumentar as chances de sucesso.

— Somos os únicos a aplicar esta tecnologia no congelamento de um óvulo sem um método invasivo. É um diferencial porque o que existe no mercado é uma análise de embriões por biópsia, quando se tira um pedaço para verificar a sua genética — explica a diretora executiva e cofundadora da iniciativa, Lucia von Mengden Meirelles.

O interesse no tema da reprodução assistida resultou em um trabalho de mestrado e uma parceria com a Clínica ProSer, no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, que oferece suporte, tratamentos individualizados e tecnologia avançada na área e abriu as portas para a pesquisa. 

Lucia divide a sociedade com Marco Antônio de Bastiani e outros sócios investidores.

— Temos uma taxa mundial de apenas 25% de gravidezes em reproduções assistidas, que não mudou nos últimos anos, segundo as sociedades norte-americana e europeias da área. A nossa ideia é ajudar a ampliar esse número — projeta Lucia.

Incubada no Centro de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e também na Feevale Techpark, na unidade de Campo Bom, a startup decidiu levar o resultado da pesquisa para a prática do mercado.

— Aproveitamos a expertise da Feevale em realização de testes em biologia molecular em grande escala, similar aos testes para covid-19 que desenvolveram durante a pandemia. A parte do laboratório é muito parecida com a nossa tecnologia, que adaptamos para o nosso objetivo — conta Lucia, que é bióloga e doutora em Bioquímica.

Após 303 amostras, o OsteraTest apresentou, segundo a startup, uma taxa de 84% de precisão após coletas no Rio Grande do Sul e na Estônia, na Europa.

— O nosso software tem capacidade para aprender, o chamado aprendizado de máquinas. A medida que mais amostras são coletas, conseguimos ensinar o que ele errou. Significa que, quando entregamos uma cápsula para ele analisar se gerou um embrião no futuro ou não, a máquina acerta 84% das vezes.

Como fazer

Os interessados devem procurar a Clínica ProSer ou contatar pelo e-mail contato@ostera.co/. O procedimento é o mesmo, optando pelo OsteraTest ou não.

— Sendo FIV ou congelamento de óvulos, nada será diferente, apenas a Ostera receberá esta cápsula que seria descartada durante o procedimento — explica Lucia.

A exposição no South Summit já começou a render frutos à Ostera, que tem um custo alto de uma tecnologia de ponta de pesquisa. Mas, para o consumidor final, é prevista uma economia. Cada ciclo da FIV custa em torno de R$ 20 mil e, muitas vezes, as pessoas precisam de mais de um, todos cobrados. A utilização do OsteraTest visa diminuir estes ciclos.

—  A vantagem é que, com a nossa metodologia, direcionamos o tratamento para que sejam menos ciclos. O paciente paga o valor que vai para a clínica, cerca de R$ 20 mil, se for somente um ciclo, e o referente ao teste, em torno de R$ 3 mil a R$ 4 mil — informa a bióloga.

O próximo passo da startup é expandir seus clientes, ainda em número pequeno, mas com vistas de crescer exponencialmente nos próximos anos.

— Primeiro, pretendemos chegar no sudeste do país e, depois, nas outras regiões e, por fim, ir ara o mundo. Temos um modelo de negócios que nos permite isso, a partir de conexões com laboratórios de outros países — projeta a cofundadora.

O “grande plano/sonho”, como diz Lucia, é levar a metodologia para o Sistema Único de Saúde (SUS), levando a técnica para o maior número de pessoas possível.

— Estamos desenvolvendo um estudo clínico para ver o quanto o OsteraTest vai impactar nas taxas de sucesso dos tratamentos de fertilização in vitro que o SUS já oferece, o que muita gente não sabe que existe porque a oferta é menor que demanda — adianta.

Ouça a entrevista concedida pelos sócios da Ostera ao podcast Radar de Inovação


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