Se por um lado os preços médios dos smartphones aumentaram 5% de 2021 para 2022 e as vendas reduziram mais de 6% no mesmo período, por outro, o mercado brasileiro de aparelhos usados vem ganhando força. Dados de um estudo do International Data Corporation (IDC) Brasil estimam que 5,5 milhões de dispositivos seminovos e recondicionados serão vendidos no país no próximo ano — número que representa um aumento de 52,77%, quando comparado aos 3,6 milhões comercializados em 2021.
O estudo em questão foi encomendado pela Trocafy, uma plataforma especializada no recondicionamento e venda de celulares seminovos, lançada em junho do ano passado pela empresa de eletroeletrônicos Allied Tecnologia. De acordo com Felipe Piva, diretor de operações da Allied e head da Trocafy, os aparelhos recondicionados são aqueles usados que passam por uma revisão e eventual reposição ou substituição de componentes.
— Nós temos técnicos credenciados pelos fabricantes, trocamos componentes, adicionamos garantia e colocamos de volta no mercado. Temos uma preocupação muito grande com o recondicionamento, trabalhamos apenas com peças originais. Então, tem um trabalho de qualidade superior ao processo de uma pessoa vendendo para outra — explica Piva.
Com uma loja física em São Paulo, a Trocafy vende online para todo o Brasil, oferecendo três meses de garantia e devolução facilitada em até 10 dias. Entre os canais de captação de smartphones da empresa, estão as operadoras que ficam com o celular antigo como crédito no momento da compra de um novo e algumas lojas da Samsung. Atualmente, contudo, a maior parte dos aparelhos chega por meio do programa “iPhone pra Sempre”, em parceria com o Itaú.
Smartphones usados em alta no mercado
Marlon Xavier Falkenbach, supervisor de vendas da Roberto Celular, que conta com sete lojas no Rio Grande do Sul, afirma que o mercado de smartphones seminovos é impulsionado principalmente pelos iPhones, que são aparelhos mais caros. O principal motivo que leva uma pessoa a optar por um celular usado, aponta, é a intenção de pagar menos em um dispositivo melhor do que o seu atual.
— Nós aceitamos usados como forma de negociação, mas os aparelhos passam por uma análise prévia, já que não podemos pegar um produto muito avariado. Depois, eles passam pelo recondicionamento na nossa assistência, que conserta eventuais problemas e dá garantia — esclarece.
O que cuidar ao comprar smartphone usado
Os especialistas, juntamente com o professor dos cursos de Computação da Universidade Feevale Vandersilvio da Silva, indicam que é preciso tomar alguns cuidados ao optar pela compra de um aparelho recondicionado. Confira as dicas e cuidados ao comprar um smartphone usado:
Encontre uma loja de confiança
A primeira recomendação dos três especialistas é buscar uma empresa de confiança, que seja reconhecida no mercado de smartphones usados. Dessa forma, é possível garantir que está adquirindo um aparelho lícito, com a garantia de que vai funcionar perfeitamente e que, caso isso não ocorra, poderá trocá-lo por outro.
Piva destaca que, na Trocafy, não existe a possibilidade de comprar um celular que tenha sido roubado, por exemplo, já que o IMEI (International Mobile Equipment Identity, código único que identifica o aparelho — confira mais informações abaixo) é verificado no momento da compra. Já a Roberto Celular, não adquire aparelhos que não tenham nota fiscal. Além disso, ambas as empresas oferecem três meses de garantia para os produtos.
— Eu aconselho a comprar em uma loja física, que já faz revenda de usados, seja mais especializada nisso e tenha um nome a zelar. Na loja física, a pessoa pode olhar o celular e testar. Quem preferir loja online só vai conseguir verificar quando o celular chegar, fica um pouco mais perigoso, mas daí tem que escolher aquelas lojas que dão garantia e opção de devolução — ressalta o professor Silva.
Qualidade do recondicionamento
O diretor de operações da Allied e head da Trocafy acrescenta a necessidade de obter informações sobre a qualidade do recondicionamento dos aparelhos, ou seja, qual a origem dos componentes que são colocados nos smartphones quando passam pelos técnicos. O ideal, ressalta, é que os dispositivos recebam apenas peças originais.
Atualizações
O docente da Feevale sinaliza que também é fundamental verificar se o modelo escolhido continuará recebendo atualizações de software. Isso porque, com o passar dos anos, alguns aplicativos deixam de ser compatíveis com determinados sistemas operacionais, o que inviabiliza seu uso.
O WhatsApp, por exemplo, atualmente é compatível com aparelhos de sistema operacional Android 4.1 e posterior, além de iPhones com iOS 12 e posterior. A partir de 24 de outubro deste ano, entretanto, o aplicativo só funcionará em versões 5.0 e posteriores do Android.
Testes
Antes de concluir a compra, Silva indica testar todas as funções possíveis do aparelho. É importante verificar se todas as câmeras estão funcionando adequadamente, então, tire fotos de um fundo liso, em que toda a imagem fique com a mesma cor. Assim, se houver algum defeito, aparecerá na foto.
Autofalantes e microfone também devem ser conferidos, com a gravação e reprodução de áudios, por exemplo. Lembre ainda de testar o Wi-Fi, a rede 4G, o GPS e as entradas de fone e carregador, além de verificar a saúde da bateria.
— Nos Iphones, vá em “configurações”, depois em “bateria”, depois em “saúde da bateria”. Se estiver abaixo de 70%, logo será preciso trocá-la. Nos celulares Android, não há um teste próprio do aparelho, mas existem aplicativos que testam a bateria, como o AccuBattery — sugere o professor.
Situação dos aparelhos
Todos os especialistas ressaltam a importância de consultar a situação dos aparelhos usados — principalmente se não forem comprados em lojas. Isso pode ser feito a partir do IMEI, que é o número de identificação único e global que cada celular tem, que permite saber se há algum registro de impedimento no dispositivo que você pretende adquirir.
De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), para localizar o número de IMEI do aparelho, o consumidor pode procurar na caixa ou no adesivo que fica por trás da bateria, ou digitar *#06# no celular e apertar a tecla para ligar. O órgão destaca que é preciso verificar se os números que aparecem nos três locais são os mesmos, pois, caso sejam diferentes, há uma grande chance de que o smartphone seja irregular.
A verificação do aparelho pode ser feita por meio deste site. Celulares que utilizam mais de um SIM Card possuem um IMEI para cada chip, sendo necessário verificar cada um deles.
— Se estiver legal, vai aparecer uma mensagem: “até o momento o IMEI informado não possui restrições de uso”. Se não estiver, aparece “o IMEI informado está impedido por perda, roubo ou furto” — afirma Silva.
Preços muito baixos
Silva indica que o consumidor pesquise em diferentes lojas o preço do modelo usado que deseja comprar. O especialista comenta que deve ser motivo de desconfiança quando apenas um local oferece o mesmo produto por um valor muito abaixo da média. E, na dúvida, recomenda não efetuar a compra.