Pesquisadores do programa Cosmic Evolution Early Release Science (CEERS), da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), divulgaram nesta quinta-feira (6) que descobriram o buraco negro supermassivo ativo mais distante da Terra e antigo de que se tem registro. As imagens foram obtidas com o telescópio de última geração James Webb (JWST), lançado ao espaço em 25 de dezembro de 2021. Com informações do site da Nasa.
O buraco negro foi identificado na galáxia CEERS 1019, que foi criada 570 milhões de anos após o Big Bang, e está a 13,2 bilhões de anos-luz de distância do nosso planeta. Segundo a equipe da Nasa, ele é menos massivo do que qualquer outro já identificado na origem do universo, tendo cerca de 9 milhões de massas solares. Esses gigantes normalmente contêm mais de 1 bilhão de vezes a massa do Sol e são mais fáceis de detectar porque são muito mais brilhantes, algo não verificado neste caso.
O corpo celeste da galáxia CEERS 1019 é mais semelhante ao buraco negro localizado no centro da nossa galáxia, a Via Láctea. Este, por sua vez, tem 4,6 milhões de vezes a massa do Sol e também não é tão brilhante quanto os gigantes mais massivos detectados anteriormente.
"Observar este objeto distante com este telescópio é como observar dados de buracos negros que existem em galáxias próximas à nossa. Existem tantas linhas espectrais para analisar! A equipe não apenas conseguiu desvendar quais emissões no espectro são do buraco negro e quais são de sua galáxia hospedeira, mas também identificar a quantidade de gás que o buraco negro está ingerindo e determinar a taxa de formação estelar de sua galáxia.”, explicou, em comunicado, Rebecca Larson, da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, e líder da pesquisa.
Após essa descoberta, os pesquisadores pretendem coletas mais dados para entender porque esse buraco negro tem uma massa relativamente pequena e como ele surgiu 570 milhões de anos após o Big Bang. Antes desse registro, já havia uma hipótese de que existiriam buracos negros de pequena massa que poderiam ter surgido a algumas centenas de milhões de anos após a origem do universo, mas não havia evidências.
Com o registro do JWST, os astrônomos acreditam que possa haver muitos outros buracos semelhantes a esse e pretendem encontrá-los com a ajuda dessa tecnologia espacial. Estudos nessa área podem ajudar a desvendar os mistérios da criação e evolução do universo.
Outras descobertas
O conjunto de dados obtidos pelo telescópio possibilitou que a equipe descobrisse que a CEERS 1019 está ingerindo o máximo possível de gases ao mesmo tempo que está produzindo novas estrelas. A tecnologia espacial também possibilitou registrar outros dois buracos negros que também estão no lado menor da galáxia e existiram 1 e 1,1 bilhão de anos após o Big Bang.
"Não estamos acostumados a ver tanta estrutura em imagens a essas distâncias. Uma fusão de galáxias pode ser parcialmente responsável por alimentar a atividade no buraco negro desta galáxia, e isso também pode levar ao aumento da formação estelar",esclareceu Jeyhan Kartaltepe, membro da equipe do CEERS, do Instituto de Tecnologia de Rochester, em Nova York, nos Estados Unidos.