A China enviou nesta terça-feira (30) três taikonautas — como são chamados os astronautas do país — à estação espacial Tiangong, incluindo o primeiro cientista civil como parte da equipe. A viagem integra a missão Shenzhou-16.
A tripulação viaja a bordo de um foguete Longa Marcha 2F, que decolou da Estação de Lançamento de Satélites de Jiuquan, na região nordeste da China, às 9h31min — 22h31min de segunda-feira (29), pelo horário de Brasília.
Conforme o diretor do centro de Jiuquan, Zou Lipeng, o lançamento foi um "sucesso completo e os astronautas estão em boas condições".
A segunda maior economia do mundo investiu um grande orçamento no programa espacial, comandado pelos militares, com a esperança de enviar humanos à Lua e alcançar Estados Unidos e Rússia na corrida espacial.
O comandante da missão é Jin Haipeng, que faz a quarta missão espacial, de acordo com a imprensa estatal. A tripulação conta ainda com o engenheiro Zhu Yangzhu. Eles viajam com Gui Haichao, professor de Aeronáutica e Astronáutica na Universidade Beihang, que conduzirá testes científicos durante a missão, anunciou na segunda-feira o porta-voz da Agência Espacial de Voos Tripulados do país, Lin Xiqiang.
O astronauta será responsável por "experimentos em órbita de larga escala para estudar novos fenômenos quânticos, sistemas espaciais de tempo-frequência de alta precisão, a verificação da relatividade geral e a origem da vida", acrescentou o porta-voz.
A estação Tiangong é o principal elemento do programa espacial chinês, que já enviou sondas para Marte e para a Lua. Esta é a primeira missão a viajar para Tiangong desde que a missão entrou na fase "de aplicação e desenvolvimento", informou o governo chinês.
Uma vez em órbita, Shenzhou-16 será acoplada ao módulo central Tianhe da estação antes que a tripulação entre em contato com os três astronautas da missão tripulada anterior, Shenzhou-15, que está há seis meses no espaço e retornará à Terra nos próximos dias.
Jonathan Mcdowell, astrônomo e astrofísico do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, declarou à AFP que o voo representa uma representa "uma rotatividade normal de tripulação", mas que isto é significativo.
"Acumular profundidade de experiência em operações de voos espaciais é importante e não exige novos marcos espetaculares o tempo todo", comentou Mcdowell.
Durante o governo do presidente Xi Jinping, a China intensificou as operações para conquistar o "sonho espacial". Além de uma estação, a China planeja construir uma base na Lua. A Agência Espacial pretende concretizar uma missão lunar tripulada até 2030.
O módulo final da estação Tiangong (que significa "Palácio Celestial") foi acoplado no ano passado à principal estrutura. A estação contém vários equipamentos científicos de vanguarda, incluindo "o primeiro sistema de relógio espacial atômico frio", segundo a agência estatal de notícias Xinhua.
A estação Tiangong deve permanecer em órbita terrestre baixa, a uma distância entre 400 e 450 km acima do planeta por pelo menos 10 anos, para permitir que a China mantenha uma presença humana no espaço a longo prazo.
A estação terá uma tripulação permanente, em um sistema de rodízio com equipes de três astronautas, que conduzirão experimentos científicos e ajudarão a testar novas tecnologias.