A maneira como as pessoas digitam e usam o mouse do computador pode ser um melhor indicador de estresse do que a frequência cardíaca, disseram pesquisadores suíços nesta terça-feira (11). Eles acrescentam que seu método de detecção pode ajudar a prevenir o estresse crônico.
Pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETHZ) explicaram que usaram novos dados e aprendizado de máquina para desenvolver o novo modelo de detecção dos níveis de estresse no trabalho.
— A forma como digitamos e movemos o mouse parece prever, melhor do que a frequência cardíaca, o grau de estresse em um ambiente de escritório — afirma a matemática e autora do estudo, Mara Nagelin.
Para o estudo, os pesquisadores da ETHZ observaram 90 participantes no laboratório e realizaram tarefas de escritório próximas da realidade, como planejamento de compromissos, ou registro e análise de dados.
Eles registraram o comportamento dos participantes com o mouse e o teclado, assim como seus batimentos cardíacos, e perguntaram periodicamente se eles se sentiam estressados.
Enquanto alguns participantes foram autorizados a trabalhar sem serem perturbados, metade do grupo foi repetidamente interrompida com mensagens de bate-papo e também foi convidada a participar de uma entrevista de emprego.
Os cientistas descobriram que as pessoas estressadas digitam e movem o mouse de maneira diferente das relaxadas.
— Pessoas estressadas movem o ponteiro do mouse com mais frequência e menos precisão, e percorrem distâncias maiores na tela — diz Nagelin.
Os acadêmicos perceberam que as pessoas que se sentem estressadas no escritório cometem mais erros de digitação e fazem muitas pausas curtas. Ao contrário das pessoas relaxadas, que fazem poucas pausas mais longas.
A conexão entre o estresse e o comportamento do teclado e do mouse pode ser explicada pela chamada teoria do ruído neuromotor.
— O aumento dos níveis de estresse afeta negativamente a capacidade do nosso cérebro de processar informações. Isso também afeta nossas habilidades motoras — diz a psicóloga e coautora Jasmine Kerr.
O trabalho foi publicado na revista científica Journal of Biomedical Informatics.
Há uma necessidade urgente de encontrar maneiras confiáveis de detectar o aumento do estresse no trabalho, dizem os especialistas, destacando que um em cada três funcionários na Suíça sofre de estresse no trabalho.
Atualmente, eles estão testando o modelo com dados de funcionários suíços que concordaram em registrar seu comportamento com o mouse e o teclado e a frequência cardíaca, enquanto trabalhavam usando um aplicativo. Segundo a ETHZ, os resultados são aguardados até o final do ano. Os pesquisadores reconhecem que os dados coletados são confidenciais e acrescentam que trabalham com funcionários e especialistas em ética para garantir que os participantes sejam tratados de forma responsável.
* AFP