Medo do futuro? Todo mundo tem. Porque ele é o desconhecido. Nostradamus é famoso e tem milhões de seguidores no Instagram porque, de forma poética, exagerada, tentava acertar o futuro. Relaxemos então, com o medo do que não se sabe. Porque ele errou para cacete!
Estou no SXSW, esse festival anual de inovação, tecnologia, música e cinema – sabe o filme ganhador do Oscar Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo? Há um ano ele era lançado para o mundo aqui em Austin, Texas, Estados Unidos. E, nesse espaço de liberdade para discutir, o tema preferido, há décadas, é saciar o ser humano do que ele quer desde que concatena ideias: saber o que está chegando.
E o que está chegando de verdade é a inteligência artificial (IA). Gosto do nome porque ele é explicativo. São máquinas criadas por humanos para ter a mesma capacidade que o cérebro humano. É novidade? Não. Você apanha da máquina no xadrez do computador há décadas. Mas estamos falando de algo mais: da inteligência que vamos chamar aqui nesse texto de “emocional”. Está errado, mas tenhamos licença poética.
Palestras e mais palestras por aqui tentam adivinhar o que isso vai trazer de bom. E de ruim. Temos otimistas. E pessimistas que acham que Blade Runner está logo ali (aquele mundo de robôs-humanos nos destruindo). As novas tecnologias já têm a capacidade de afetar qualquer ser humano. Quando inventaram o telefone inteligente em que você está lendo esse texto, você não imaginava que ele seria um item quase obrigatório pra 8 bilhões de pessoas. Para robôs inteligentes, esqueça o formato dos simpáticos de Star Wars e pense no conceito. A tecnologia por trás. A capacidade das máquinas de terem inteligência e sentimentos.
As máquinas, ainda mais inteligentes, realizarão empregos existentes. Mas isso a revolução industrial fez antes. O foco aqui é algo que ouvi no banheiro. Sim. Dois caras conversavam: um deles, realizando o número 1, em pé, falava para o outro que repetia o mesmo ato em outro mictório. “As máquinas não conseguirão amar nem criar o que Beethoven criou”. Poesia pura. O amigo dele ficou em silêncio. Eu também.
Não sei se música – algo também matemático – se safará. Se uma inteligência artificial será um gênio como compositores de séculos atrás. Mas o amor me pegou. Ouvir aquilo bateu bem. Os dois caras saíram sem lavar as mãos. Eu realizei o ato higiênico e, ao me olhar no espelho, pensei que somos poeira cósmica, minúsculos, que mesmo assim criamos tecnologias fantásticas, que podem nos imitar em tudo.
Mas tem o amor. O amor que nos salva em tudo na vida real. Que buscamos na virtual. Ele é o calcanhar de Aquiles dos robôs e aquele filme Wall-E, com um robozinho apaixonante, cheio de sentimentos, que chorei garrafas, é só um filme. Feito com ajuda de máquinas, sei. Mas com humanos amorosos por trás.