O cometa C/2022 E3, que passa pela órbita da Terra a cada 50 mil anos, poderá ser visto no céu do Brasil e em todo Hemisfério Sul na noite desta quarta-feira (1º) e poderá ser observado até 10 de fevereiro. Na segunda quinzena de janeiro, esse corpo celeste ficou visivel por habitantes do Hemisfério Norte.
O C/2022 E3 foi descoberto recentemente pelos pesquisadores, e, por conta disso, ainda se tem poucas informações sobre ele, o que motiva ainda mais estudiosos e amantes de astronomia a acompanharem sua passagem próxima do planeta. O corpo celeste foi identificado pela primeira vez em março do ano passado pelo Telescópio Samuel Oschin no Observatório Palomar, na Califórnia, nos Estados Unidos.
Como acompanhar a passagem
O professor de Física da Universidade de São Paulo (USP), Roberto Dias da Costa, dá algumas dicas para que os observadores possam se preparar para acompanhar a passagem do cometa:
- Um observador que estiver no sul do Brasil deverá olhar para o Norte e procurar pelo cometa próximo de uma estrela chamada Capela, a mais brilhante nessa direção
- Os melhores dias para realizar a observação do Sul são 4 e 5 de fevereiro, já que o cometa estará mais próximo da estrela Capela, e, com isso, seu brilho ficará mais intenso
- Escolha locais escuros para realizar a observação
- Fique em locais sem iluminação artificial
- Dê preferência para regiões onde há menos poluição luminosa
- Opte por realizar o avistamento do cometa em dias em que o brilho da Lua não esteja tão intenso
- Utilize instrumentos ópticos como binóculo, telescópio e luneta
O docente enfatizou que a iluminação intensa, seja natural ou artificial, pode ser um obstáculo para os observadores.
— No caso do cometa, que é um corpo difuso, se o céu está brilhante porque tem iluminação artificial ou porque tem a Lua brilhante, então você vai diminuir o contraste do brilho do céu e sua imagem vai ficar muito pior — explicou.
De acordo com pesquisador, no Hemisfério Norte o cometa ficou visível a olho nu. Isso porque o brilho foi mais intenso já que o corpo celeste estava mais próximo do polo e de constelações como Coroa Boreal e Ursa Menor, que com exceção de locais do extremo norte do Brasil, como Roraima ou Acre, não podem ser observadas do país.
Como o fenômeno será menos intenso e luminoso no Hemisfério Sul, o professor acredita que o cometa não possa ser visto a olho nu e aconselha os observadores a utilizarem instrumentos ópticos.
— Para nós, ele vai ser visto só a partir da primeira quinzena de fevereiro, quando ele já estiver se afastando do Sol e, portanto, ficará mais fraco — disse.
Como localizar?
Existem aplicativos, como o Stellarium, que ajudam a achar a localização no céu e a direção. O astrônomo Filipe Monteiro, do Observatório Nacional, dá outra dica para quem não está acostumado a procurar:
— Uma estratégia que pode ser usada também por iniciantes, bem como os fotógrafos casuais, é tentar fotografar o cometa apontando sua câmera para sua localização aproximada no céu e tirando fotos de longa exposição de 20 a 30 segundos. Ao visualizar as imagens, possivelmente você irá notar um objeto difuso e com cauda. Usando essa técnica, muitos estão conseguindo fotografar o cometa mesmo que não o veja no céu.
Registros do fenômeno astronômico
O Observatório nacional fará uma transmissão no dia 11 de fevereiro, a partir das 19h, em um evento virtual de observação do céu, quando astrônomos amadores e profissionais parceiros do projeto exibirão imagens do cometa C/2022 E3. O vídeo será transmitido neste link.
Por que o cometa demora 50 mil anos para passar pela Terra?
O tempo de 50 mil anos que o cometa demora para realizar uma passagem pela Terra pode ser explicado devido ao período orbital do corpo celeste, que influencia em sua trajetória. De acordo com Roberto Dias da Costa, professor da USP, o C/2022 E3 está inserido em um grupo de cometas com órbita quase parabólicas.
— Outros cometas de órbita quase parabólicas demoram 300 ou 400 mil anos para passar pela Terra. A fronteira entre a órbita elíptica e a quase parabólica é de mil anos — explicou.
Ainda de acordo com o professor, cometas desse tipo são mais difíceis de serem avistados devido a esse grande intervalo de tempo entre uma passagem e outra.
— Mas uma vez que eles são encontrados, são observáveis como qualquer outro — afirmou o pesquisador.
Produção: Filipe Pimentel