A missão Dart da Agência Espacial dos Norte-Americana (Nasa) para tentar desviar a trajetória de um asteroide com o impacto de uma nave espacial é, por enquanto, a única forma de defender a Terra de um objeto que se aproxima, pelo menos com a tecnologia atual.
Com esta demonstração, serão "agregadas a nossas caixas de ferramentas métodos, aos quais se poderá recorrer no futuro", disse recentemente Lindley Johnson, do setor de defesa planetária da Nasa.
Outras ideias propostas incluem um "trator de gravidade" e uma missão para explodir o hipotético objeto com uma arma nuclear, o método preferido por Hollywood.
A técnica prevista para ser testada pela Nasa nesta segunda-feira (26) consiste em chocar uma nave contra um asteroide para "empurrá-lo" ligeiramente e, assim, desviar sua trajetória. Este primeiro teste permitiria compreender a reação do asteroide e calcular melhor a força necessária no futuro. O tamanho da nave utilizada depende do tamanho do asteroide que ameaça chocar com a Terra.
Se a ameaça de impacto de um asteroide contra a Terra fosse real, seria necessário lançar, com um ou dois anos de antecedência, a missão para enfrentar um asteroide pequeno. Para objetos de centenas de quilômetros diâmetro, este prazo seria de décadas. Um objeto ainda maior pode requerer várias naves espaciais.
Trator gravitacional
Se a aproximação de um objeto for detectada anos, ou décadas, antes de seu impacto contra a Terra, uma nave pode ser enviada para navegar a seu lado tempo suficiente para desviar sua trajetória, agindo por atração e criando um "trator gravitacional".
"A virtude" deste método é sua "total compreensão", segundo Tom Statler, cientista do programa Dart.
— Sabemos como funciona a gravidade — disse Statler.
A massa da nave espacial seria uma limitação, porém, e os tratores gravitacionais seriam menos eficientes para os asteroides de mais de 500 metros de diâmetro, que são os que representam uma maior ameaça.
Em um relatório de 2017, engenheiros da Nasa apresentaram uma forma de superar este inconveniente: fazer a nave espacial extrair material do asteroide para melhorar sua própria massa e, portanto, a gravidade.
Nenhum destes conceitos foi testado ainda, e seriam necessárias décadas para que fossem desenvolvidos, testados e lançados.
Explosão nuclear
Outra opção seria lançar bombas nucleares para redirecionar, ou destruir, o asteroide. "Esta pode ser a única estratégia efetiva para os asteroides 'assassinos de planetas' maiores e mais perigosos (mais de um quilômetro de diâmetro)", disse um relatório da Nasa sobre o tema, acrescentando que a explosão pode ser o "último recurso", caso todos os outros métodos falhem.
Armas atômicas são, no entanto, polêmicas, e sua utilização está proibida no espaço.
Em 2021, a diretora da divisão de ciência planetária da Nasa, Lori Glaze, afirmou que a agência acreditava que a melhor maneira de implantar armas seria a alguma distância do asteroide para transmitir força ao objeto, sem fazê-lo explodir em pedaços menores que poderiam aumentar a ameaça à Terra.
Um estudo de 2018 publicado no Journal of Experimental and Theoretical Physics por cientistas russos analisou o cenário de uma detonação direta. Réplicas de asteroides em miniatura foram construídas e alvejadas com disparos a laser. O estudo demonstrou que, para explodir um asteroide de 200 metros, seria necessária uma bomba 200 vezes mais potente do que a que explodiu em Hiroshima, em 1945.
Também se concluiu que seria mais efetivo perfurar o asteroide, introduzir a bomba e depois detoná-la, como no filme Armageddon, de 1998, dirigido por Michael Bay e protagonizado por Bruce Willis.