O Observatório Europeu do Sul (ESO) informou em um comunicado publicado em seu site oficial na terça-feira (16) que o Very Large Telescope (VLT), localizado no Chile, conseguiu capturar uma imagem em alta precisão da galáxia starburst NGC 4303 (também chamada de Messier 61). A galáxia foi formada há 1 bilhão de anos e fica a 50 milhões de anos-luz de distância da Terra, na constelação de Virgem.
Para a realização do registro fotográfico, foi acionado o instrumento FORS2 (focal reducer and low dispersion spectrograph 2), presente no VLT. Com isso, foi possível obter uma visão mais detalhada da galáxia e dos corpos celestes que a constituem. Observações anteriores já haviam sido realizadas, mas não com essa precisão e qualidade de imagem.
De acordo com os pesquisadores do observatório, a starburst foi gerada a partir da fusão de duas galáxias. Diferentemente do que ocorre em um choque comum, na colisão que formou a Messier 61 as galáxias ficaram próximas uma da outras, de modo que estrelas, gás e poeira se aglutinaram.
Na imagem capturada pelo telescópio é possível perceber a existência de dois pontos brilhantes no centro da galáxia que correspondem aos seus dois núcleos galáticos originais, localizados a 89 milhões de anos-luz de distância da Terra, na constelação de Aquário. Cada um dos núcleos é cercado por um buraco negro supermassivo.
Segundo a previsão dos astrônomos, a tendência é de que os dois núcleos se fundam daqui a 205 milhões de anos. Com esse processo, os dois buracos negros supermassivos se unirão e haverá a formação de um buraco negro ainda mais massivo.
Outro fato que chama a atenção na imagem é que possível notar a fusão das galáxias a partir dos "longos braços" da NGC 4303, que são constituídos por estrelas e poeira cósmica que pertenciam às duas galáxias que se fundiram. Esses "braços" aparecem no registro fotográfico como pontos brilhantes azul-lilás.
Para os astrônomos, essa imagem, bem como as pesquisas envolvendo a starbust, poderão ajudar a compreender como ocorre a formação das estrelas presentes no Universo. O Extremely Large Telescope (ELT), do ESO, poderá ajudar nessa empreitada. O telescópio tem previsão para iniciar suas operações no deserto do Atacama, no Chile, até o final desta década.
No comunicado, representantes do ESO informaram que o ELT terá precisão ainda maior e, com seus dispositivos, será capaz de descobrir muitos corpos celestes presentes no centro das galáxias. A partir das informações obtidas sobre o processo de formação da NGC 4303, os pesquisadores poderão também fazer previsões sobre a fusão que ocorrerá daqui a bilhões de anos entre a Via Láctea e a galáxia vizinha, Andrômeda.