Dados obtidos pela sonda espacial Mars Insight, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), revelaram nesta semana que nem toda superfície de Marte é coberta com gelo, apesar dos polos conterem grandes mantos de água em estado sólido. A descoberta rompe com algumas hipóteses científicas sobre as características geológicas do planeta. As informações estão presentes em um estudo publicado na última terça-feira (9) na revista científica Geophysical Research Letters por pesquisadores do Scripps Institution of Oceanography da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos.
A partir da análise dos dados, constatou-se que nos 300 metros do subsolo abaixo do local de pouso da sonda, que ficam próximos do equador marciano, há pouca ou nenhuma quantidade de gelo. Além disso, os pesquisadores descobriram que a crosta do planeta é fraca e porosa, com sedimentos não bem cimentados. Nos espaços porosos também não foi identificada água em estado sólido.
Como a temperatura média do equador do planeta, onde a sonda está, chega a valores abaixo de zero, haveria condições propícias para que a água congelasse. De acordo com Vashan Wright, geofísico do Scripps Institution of Oceanography e um dos autores do estudo, as descobertas não excluem a possibilidade de haver grãos ou pequenas bolas de gelo que não estejam cimentando minerais.
Antes da descoberta, a comunidade científica tinha uma teoria sobre o que aconteceu com a água em Marte. Entre as ideias predominantes estava uma que considerava que o planeta vermelho poderia ter abrigado oceanos no início de sua formação e que a água se tornou parte dos minerais, colaborando, assim, com a sedimentação do material no subsolo.
Com a análise dos dados da sonda, a teoria já pode ser refutada porque, se fosse verdade, uma grande quantidade de água teria entrado em contato com as rochas e isso teria produzido um novo conjunto de minerais que cimentariam aquela região, o que não foi observado.
Missão Insight
A sonda espacial Mars faz parte da missão InSight, da Nasa, lançada há quatro anos. A tecnologia, que estava a bordo da nave, pousou em Elysium Planitia, planície plana e lisa próxima do equador de Marte, em 2018.
O principal objetivo da missão é fazer uma análise profunda da superfície do planeta e dos seus aspectos geológicos. A partir dos dados, será possível descobrir, inclusive, se existe ou existiu vida em Marte.
Com as informações obtidas até o momento, se sabe que não existe água líquida na superfície do planeta e que se existe vida no subsolo, ela está protegida por radiação. Entre os próximos passos da Nasa está a perfuração de cerca de dois metros da crosta marciana em alta latitude com o intuito de buscar vida em regiões onde rocha, gelo e atmosfera se unem.