Assistir a filmes, séries e vídeos, escutar músicas e podcasts, acessar redes sociais, jogar online, fazer pesquisas em sites de buscas e baixar diferentes aplicativos: com acesso à internet, é possível fazer tudo isso por meio de um aparelho de televisão. Entretanto, a semelhança com as funcionalidades de dispositivos como smartphones, tablets e computadores acende um alerta para a necessidade de proteger as smart TVs de ataques cibernéticos.
Jéferson Campos Nobre, professor do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que a principal preocupação está relacionada ao fato de que esse tipo de dispositivo tem acesso à rede de dados da residência e/ou empresa onde está instalado. E, caso seja afetado por algum software malicioso, pode ocorrer um ataque do tipo ransomware — que sequestra o sistema e cobra um resgate para liberá-lo — ou de roubo de dados, utilizando a televisão como atalho para acessar outros equipamentos conectados à internet do local.
Outro ponto refere-se à possibilidade de poder baixar aplicativos no aparelho de televisão, o que pode servir de porta de entrada para vírus. Mas, segundo o professor, o risco é um pouco menor quando comparado ao que ficamos sujeitos ao utilizar um smartphone, por exemplo:
— O conjunto de aplicativos que se instala em uma TV é bem menor e, conforme os dados que temos, não há tantos ataques a televisões quanto a celulares e outros dispositivos semelhantes. Então, é um pouco mais fácil manter os aplicativos da televisão seguros e controlados.
No entanto, Nobre ressalta que quanto mais as funcionalidades de uma smart TV se aproximam daquelas dos dispositivos como celulares e tablets, mais arriscado começa a se tornar. De acordo com Daniel Cunha Barbosa, especialista em segurança da informação da ESET Brasil, os ataques podem ocorrer diretamente pela smart TV, caso o sistema tenha uma “brecha”, pelo acesso ao roteador fracamente configurado ou através de outro dispositivo conectado à mesma rede de internet.
Por este motivo, Barbosa destaca que a importância de que todos os dispositivos estejam seguros (veja dicas ao final do texto), devidamente configurados e atualizados, a fim de evitar ameaças de diversos níveis.
— Os criminosos costumam ter a postura de sempre atacar o alvo mais fácil, então, se a pessoa não toma as medidas adequadas de proteção, ela se torna um alvo fácil — alerta o especialista.
Perigos dos ataques
Os especialistas explicam que, caso a smart TV seja alvo de um ataque cibernético, os criminosos conseguem ter acesso a todos os dados de autenticação disponíveis no dispositivo, como as informações de histórico, login e pagamento das contas de streaming, por exemplo. Dependendo do tipo de ataque, o nome e senha da rede Wi-Fi também podem ser obtidos e, com esses dados, é possível localizar inclusive o endereço dos usuários, salienta Daniel Cunha Barbosa.
— Esse tipo de TV coleta muitas informações do nosso cotidiano hoje em dia. Os aplicativos oficiais se protegem, mas se o cibercriminoso conseguir instalar uma versão falsa, ele pode utilizar isso para pedir mais informações, como o número do cartão de crédito do usuário — informa o professor Jéferson Campos Nobre.
Há ainda uma preocupação com a privacidade dos usuários da smart TV. Leonardo Lemes Fagundes, professor da graduação em Segurança da Informação da Unisinos e sócio diretor da empresa Service IT Security, afirma que alguns dispositivos contam com recursos como câmera e microfone, e, se o atacante tiver acesso a isso, a rotina da casa pode ser monitorada por meio de imagens e do som ambiente.
Dicas de segurança para sua smart TV
- Primeiro, proteja a rede de internet: o Wi-Fi da residência e/ou empresa precisa estar configurado com uma senha forte, que não seja fácil de adivinhar ou quebrar. Jamais deixe a rede aberta, sem senha.
- Atualize o roteador: lembre-se de sempre deixar o roteador de internet atualizado. Independente do serviço de telefonia que fornece, esses aparelhos costumam ter um botão de atualização, que não é ativado automaticamente.
- Sempre baixe os aplicativos em lojas oficiais: ferramentas disponíveis nessas plataformas passam por uma checagem, o que diminuiu as chances de encontrar programas maliciosos.
- Antivírus: apesar de não ser algo tão comum, já existem softwares de proteção específicos para smart TVs, que podem ser adquiridos em lojas especializadas.
- Mantenha o software atualizado: é preciso atualizar o sistema operacional da televisão constantemente para que ele receba melhorias de segurança.
- Fique de olho nas configurações: reveja e configure as opções de acesso e de privacidade que alguns dispositivos e aplicativos possuem.
- Se possível, tenha duas redes distintas: ambientes segregados (um para internet das coisas e outro para notebooks e computadores, por exemplo) podem evitar que as ameaças entrem via smart TV e consigam acessar outros dispositivos e vice-versa.
- Cuide o local onde a TV é instalada: se o dispositivo fica em um lugar em que outras pessoas podem ter acesso, como escritórios e salas de espera, é preciso ter um cuidado ainda maior. Evite deixar o controle remoto disponível e, se possível, instale o aparelho em uma altura de difícil acesso.
Fontes: Jéferson Campos Nobre, professor do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Daniel Cunha Barbosa, especialista em segurança da informação da ESET Brasil, e Leonardo Lemes Fagundes, professor da graduação em Segurança da Informação da Unisinos e sócio diretor da empresa Service IT Security.
Produção: Jhully Costa