O mundo dos jogos eletrônicos aguardava há vários meses. A Microsoft coloca à venda nesta terça-feira (10) o novo console Xbox Series, dois dias antes do lançamento do PlayStation 5 pela Sony, em um momento de forte demanda provocada pela pandemia. Os dois consoles, cada um disponível em duas versões com preços diferentes, disputarão a preferência do público durante a temporada de Natal, tradicionalmente lucrativa para a indústria do jogo.
A Microsoft oferece o Xbox Series X, um modelo "premium" ao preço de US$ 499, e o Xbox Series S, com menor qualidade de imagem, sem leitor de discos, menor e mais barato: US$ 299. A empresa norte-americana vendeu metade do número de exemplares de seu console anterior, o Xbox One, do que sua rival japonesa vendeu com o PlayStation 4. Os dois foram lançados no mercado no fim de 2013.
Sete anos depois do último duelo, a Microsoft espera fazer frente à rival, apesar do novo Xbox não poder se beneficiar de seu principal jogo, Halo Infinite, durante o lançamento, já que a estreia foi adiada para 2021 por causa da pandemia, que afetou o desenvolvimento do produto.
A consultoria Ampere Analysis prevê vendas de 13,5 milhões de Xbox Series X e S até o fim de 2021, e de 17,9 milhões de PS5, que poderá tirar proveito de títulos inéditos durante o lançamento, incluindo o muito aguardado Spider-Man: Miles Morales.
Consciente de que também vai precisar apresentar um catálogo de jogos atraente, mesmo que dentro de alguns meses, a Microsoft adquiriu no fim de setembro o controle da Bethesda Softworks, desenvolvedora das séries de sucesso The Elder Scrolls e Fallout, por US$ 7,5 bilhões.
— Não há dúvida de que a Microsoft está melhor posicionada para competir com a Sony do que estava no momento das gerações Xbox One e PS4 — destaca Piers Harding-Rolls, analista da Ampere Analysis, que aponta que, graças a sua estratégia de "preços diferenciados", poderá chegar a "diferentes tipos de jogadores".
Lojas fechadas
Outro ponto forte é sua tendência a virar uma espécie de "Netflix dos jogos eletrônicos" com o Xbox Game Pass, um serviço de assinatura de jogos digitais que já tem mais de 10 milhões de usuários. O lançamento, que estabelece um novo capítulo na história dos jogos eletrônicos, será muito diferente devido ao coronavírus e às novas restrições impostas em vários países.
— A pandemia teve um impacto considerável no comportamento do consumidor com a adoção em larga escala do comércio eletrônico — explica Morris Garrard, analista da Futuresource, que acredita que a maioria das compras deve acontecer por meio de pedidos com entregas a domicílio.
A Sony também advertiu que não venderá consoles nas lojas ao lançar o PS5 (na quinta-feira, 12, em vários países da Ásia-Pacífico e América do Norte; em 19 de novembro na Europa) para velar "pela segurança de jogadores e vendedores".
"Por favor, não planeje aguardar diante das lojas para evitar aglomerações", pediu a empresa japonesa na semana passada.
A grande transição online em um momento de crescente demanda por estilos de vida mais caseiros "vai expor ainda mais a distribuição a interferências", disse Garrard. De acordo com o analista, "muitos que desejam comprar o console podem ter a oportunidade de fazer isto apenas dentro de três a seis meses":
— Inevitavelmente, algumas pessoas usarão bots (programas automatizados) para escanear todos os sites e assim que novos estoques forem colocados à venda, estes serão vendidos em questão de minutos.
Para marcar o lançamento, a Microsoft organizou uma série de iniciativas online em vários países, começando com uma contagem regressiva na Nova Zelândia. Também programou uma apresentação global dos jogos para o novo console, que deve ser transmitida por streaming a partir desta terça às 19h GMT (16h de Brasília).